O principal destino das exportações gaúchas, a China, está comprando 50% menos do Rio Grande do Sul em 2022. O segundo, os Estados Unidos, está sob risco de recessão. Essa foi a situação colocada pela coluna ao presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Augusto Souto Pestana, quando mediava evento com o diplomata na ADVB-RS. Ele sugeriu diversificar destinos e, principalmente, olhar com muita atenção para a Índia. Confira trechos:
Como os exportadores podem driblar o que acontece com China e Estados Unidos?
Tem a ver com diversificação de mercados, para ter um comércio equilibrado e driblar um pouco esses momentos em que um determinado parceiro vai ter uma demanda menor. Mas a China é um grande país, vai continuar, certamente, na sua trajetória de crescimento. Talvez não naquele mesmo nível com qual nós estávamos acostumados. Estados Unidos talvez tenham problemas. Mas existe um país, em particular, que oferece uma oportunidade histórica para o Brasil de interação com a Ásia: a Índia. O país segue crescendo praticamente 8%, 9% ao ano. E não é 8% ou 9% ao ano em um país pequeno. Estamos falando do país que, se já não é, em breve será o mais populoso do planeta, que demanda absolutamente tudo.
É um mercado especial para determinados produtos ou no geral?
Geral. Há uma ansiedade natural para o final do ano, para 2023. Mas a Apex precisa pensar os próximos cinco ou 10 anos. E aí, é quando pensamos na Índia, nessa grande oportunidade. Ela é, hoje, o que a China era talvez há 20, 25 anos. A demanda chinesa gerou muitas oportunidades no Brasil, mas o fato é que os negócios acabam sendo dominados por poucos produtos e de baixo valor agregado. Então, com esse grande desafio com a Índia, A Apex criou uma unidade específica voltada ao mercado indiano, baseada no nosso escritório em Dubai. A ideia é ter uma demanda mais imediata, que acaba sendo também por produtos do agro, por commodities, mas, ao mesmo tempo, mapear essa necessidade mais sofisticada. Por exemplo, aqui no Rio Grande do Sul, um setor de enorme potencial é o de equipamentos, máquinas e veículos de transporte. Com o crescimento da nova classe média, a Índia vai demandar moradia. E se você tem uma casa, vai ter móveis. É preciso entender, porém, que, em alguns desses países, não é meramente nós chegarmos com um "olha, isso aqui é o catálogo do que nós temos disponível".
Qual é a peculiaridade da Índia que os empresários precisam considerar?
Isso é uma construção, porque a própria Índia vai se transformar também. Algumas coisas talvez sigam um padrão Ocidental, outras, um padrão local, com evolução. Então, coloco à disposição do empresariado do Rio Grande do Sul os nossos serviços de inteligência de informação, para entender quais são os setores. Com essa unidade específica para a Índia, garantimos que os empresários tenham justamente essa mentoria, essa adaptação. Talvez consigam desenvolver novas linhas de produtos. E vale lembrar, estamos falando de um país que vai oferecer muita escala. Será um investimento que vai valer a pena. E não é só a Índia. Quando pensamos em outras regiões igualmente dinâmicas, é fundamental falar do sudeste asiático. São países em desenvolvimento, crescendo em um ritmo muito grande. E o Oriente Médio está aí, muito alavancado, claro, pelos recursos do petróleo e do gás natural, são grandes investidores. É fundamental que consigamos canalizar. Tem aquela conversa um pouco de diplomata, né? "Mas é longo prazo". Mas, na verdade, essas coisas estão se acelerando de uma forma impressionante. Já são realidade.
Ouça o áudio no programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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