O jornalista Daniel Giussani colabora com a colunista Giane Guerra, titular deste espaço
Quem precisa de medicamentos, principalmente para doenças respiratórias, como gripe, pode estar tendo dificuldade de encontrá-los nas prateleiras das farmácias. Desde que as temperaturas começaram a cair, redes de varejo têm relatado demora para receber alguns remédios. Em entrevista para o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha), Marcelo Pereira, presidente da Vida Farmácias, alertou que há escassez de antibióticos, xaropes, pastilhas e até de soro fisiológico.
— Os medicamentos até são produzidos aqui, mas os insumos são importados. Cerca de 70% da matéria-prima vem da Ásia, e com a crise dos contêineres, de frete mundial, está bem difícil — comentou.
A coluna aproveitou para conferir com a indústria quais são as explicações para a escassez de medicamentos. Thomaz Nunnenkamp, diretor executivo do Laboratório Saúde e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), destaca que são vários os fatores, desde o aumento de demanda até os problemas com embalagens.
— Com problema de logística, lockdowns na China, há dificuldade de conseguir alguns insumos. Também há alguma dificuldade de conseguir embalagem de vidro. Tudo isso, também, por conta de uma demanda maior. Tivemos dois anos de pandemia onde produtos típicos de inverno, como os de combate a resfriados, caíram bastante, com o pessoal usando máscara e em casa. Agora, a imunidade caiu, e muitas pessoas estão tendo crises mais fortes, aumentando a demanda — explica Nunnenkamp.
Apesar disso, o vice-presidente alerta que é um problema pontual e que não se trata de uma falta generalizada de medicamentos. Inclusive, cita como um dos possíveis fatores para escassez o medo que alguns consumidores têm de ficarem sem remédios, o que pode estar aumentando a busca nas farmácias. Nunnenkamp acredita, ainda, que a situação deve ser resolvida em, no máximo, três meses, com o final do inverno.
— A tendência é a questão do frete ir se normalizando, devagar. Os lockdowns na China também devem diminuir, retomando a produção lá. E teremos mais dois, três meses de inverno. Não acredito que teremos falta generalizada de medicamentos. Pode faltar uma marca, mas que dê para substituir por outra.
Produção nacional
Quando se fala que há problemas de importação, é comum reacender o debate sobre a nacionalização da produção de insumos. De acordo com Nunnenkamp, alguns produtos até podem ser produzidos nacionalmente com alguma rapidez — como foi o caso das máscaras no início da pandemia. Agora, quando se trata de fármacos ou princípios ativos, são investimentos maiores, e que requerem um maior tempo de implantação.
— O Brasil está muito dependente de importação quando olhamos para a área da saúde como um todo, não só de medicamentos. Seria estratégico, sim, ter uma base industrial forte no país, mas não querendo substituir tudo. Conseguir balancear seria o ideal — aponta.
Confira trechos da conversa para o programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br) e Guilherme Gonçalves (guilherme.goncalves@zerohora.com.br)
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