Sim, o preço dos carros tem pressionado a inflação do norte-americano e a do brasileiro também. Com frequência, a alta de automóveis novos e usados é citada pelo IBGE entre as principais influências do IPCA, índice oficial aqui no Brasil. O item é caro, pesa no orçamento, mas, principalmente, tem subido muito. Em 12 meses, aqui na região metropolitana de Porto Alegre, a alta média foi de 20,85% para o automóvel novo, segundo o monitoramento do IBGE. É o dobro da inflação geral do período.
Escassez de insumos e sua consequente alta de preços, além de gargalo logísticos mundiais, provocaram o aumento. Aço, plástico, vidro e semicondutores dispararam e formam boa parte dos custos da indústria automotiva, que também paga conta de luz e de combustível, que entram no custo de toda a cadeia econômica até chegar ao consumidor final.
Fábricas paradas por falta de insumo provocaram escassez e modelos. Alta procura com baixa oferta abre espaço para fortes aumentos. Isso acabou por aumentar, também, o preço do carro usado. Em 12 meses, a alta média foi de 17,66%. Sente esse impacto também quem não está comercializando carro, já que o aumento da Tabela Fipe acabou elevando o IPVA do último ano.
Vai parar? A previsão era de um ajuste em 2022, mas a guerra no leste europeu atropelou essa previsão. As commodities dispararam no Exterior. Plástico, por exemplo, vem do petróleo e forma 30% do veículo. Semicondutores dependem muito de itens exportados por Rússia e Ucrânia. Além disso, a continuidade de problemas no transporte marítimo afetam o setor, que não consegue nacionalizar rapidamente a cadeia de suprimentos. Em entrevista ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha, o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do RS (Sincodiv-RS), Paulo Siqueira, fez uma projeção de alta:
- Uma parte importante desse aumento de preço advém dessa carestia de insumos. Mas uma outra parte também, em função de uma política das montadoras, advém de oportunidade de mercado, que é uma lei natural de oferta e demanda. Onde tem espaço para aumentar o preço, isso vai ocorrer. Essas variáveis devem continuar ocorrendo. A gente espera aumentos de 2% até 3% em cada 30 ou 60 dias.
Enquanto isso, as vendas caem. No primeiro trimestre, o número de emplacamentos no Rio Grande do Sul foi 13,5% menor do que no mesmo período do ano passado.
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Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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