Ao apresentar os resultados do quarto trimestre de 2021, o Grupo Carrefour Brasil reiterou a informação de que terá que vender algumas unidades do Grupo BIG para concluir a aquisição, que é negociada em R$ 7,5 bilhões. Conforme a coluna noticiou em janeiro, superintendência-geral do Cade recomendou que o negócio seja aprovado "mediante a adoção de remédio negociado com as empresas" para não causar preocupações concorrenciais. Esses remédios seriam a venda de unidades em cidades onde pode haver concentração de mercado, incluindo aqui no Rio Grande do Sul.
Na apresentação de resultados do trimestre, a empresa diz que celebrou um Acordo de Controle de Concentrações que "prevê a alienação de operações para mitigar problemas de concentração excessiva". Diz também que "a superintendência do Cade menciona até 11 das 388 lojas do Grupo BIG, representando até 2,8% do portfólio total de lojas". O Carrefour já tinha falado que o valor representava menos de 10% da base total.
Nesse acordo, há a solução para a concentração de mercado de três cidades gaúchas: Viamão, Santa Maria e Gravataí. A coluna acessou o parecer público da superintendência do Cade, que fala sobre o ACC, mas não detalha quais unidades seriam vendidas. No documento, por exemplo, há indicação que, em caso de aprovação do ACC como proposto, uma unidade de Gravataí, cujo nome não foi disponibilizado, passaria a ser operada por um concorrente.
O caso agora está sendo avaliado pelo tribunal do Cade, responsável pela decisão final. O Cade dispõe de até 240 dias, prorrogáveis por mais 90, para concluir a apreciação de atos de concentração. A expectativa do Carrefour é que o resultado seja disponibilizado até junho.
Sinergia
Na apresentação aos investidores, o Grupo Carrefour Brasil também trouxe novas perspectivas sobre a sinergia com o grupo Big. Quando as empresas assinaram o contrato de compra e venda, as sinergias esperadas totalizavam um Ebitda adicional de R$ 1,7 bilhão em três anos após a conclusão da negociação. Mas o número foi revisado, com uma perspectiva atual de 15% de aumento em relação ao valor inicialmente comunicado: " Nesse momento estimamos que o montante de sinergias seja de no mínimo R$ 2,0 bilhões no ano de 2025".
O grupo lista três motivos para a revisão na projeção. O primeiro é maiores ganhos relacionados à densidade de vendas e conversão de lojas. O segundo é sinergias de compras. E o terceiro é uma análise sobre otimização de despesas gerais e maior eficiência da cadeia de suprimentos.
"O Grupo Carrefour Brasil apresentou um desempenho muito resiliente no 4T e no ano de 2021, com crescimento nas vendas brutas e Ebitda ajustado, mesmo diante de uma base de comparação muito difícil. A expansão do Atacadão acelerou e o Banco Carrefour continuou sua forte recuperação, enquanto as vendas de alimentos do Carrefour Varejo voltaram a crescer e a recuperação da Unidade de Negócios está a caminho O Carrefour está ao lado dos consumidores brasileiros no ambiente desafiador do país, como visto em sua decisão de congelar os preços dos produtos alimentícios de marca própria, protegendo assim o poder de compra. Nosso ecossistema multi-formato e multi-canal se fortaleceu ainda mais, e o fechamento da aquisição do Grupo BIG esperado até junho, cujas metas de sinergias foram elevadas, deve contribuir para mais um ano de crescimento em 2022", analisou, no documento, o CEO do Carrefour Brasil, Stéphane Maquaire.
O Grupo BIG pertence, atualmente, a uma sociedade entre o fundo de investimentos Advent International e o Walmart, que praticamente saem do negócio agora. O Advent comprou, em 2018, 80% da operação brasileira do Walmart, que estava, na época, transformando as lojas. As bandeiras BIG e Nacional seriam extintas e as unidades estavam recebendo o nome de Walmart. O processo foi interrompido pela aquisição, que gerou, depois, a criação da holding Grupo BIG.
Já o Carrefour é um grupo francês que tem hipermercados com a marca no Brasil. Ele também é dono do Atacadão, bandeira de atacarejos em expansão no Rio Grande do Sul, onde, inclusive, comprou lojas do Makro.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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