Após ter registrado o pior desempenho em 2020, a economia gaúcha fechou 2021 com o maior avanço do monitoramento do Banco Central. Conhecido como uma prévia do PIB, o Índice de Atividade Econômica Regional do Rio Grande do Sul (IBCRRS) cresceu 7,4% no ano passado. Sim, foi em cima de uma base baixa, já que havia encolhido 6,7% no ano anterior (o dado inicial de recuo de 4,7% foi revisado). Ainda assim, voltou praticamente ao mesmo nível de 2019, antes da pandemia, ficando até um pouco acima (+0,2%).
O agronegócio é o grande motivo para os resultados extremos no ranking de Estados em dois anos consecutivos. A pandemia afetou todos em 2020, mas a estiagem castigou o Rio Grande do Sul. Já em 2021, a safra foi histórica, trazendo resultados muito positivos para a economia gaúcha. Com isso, já se pode imaginar que os números de 2022 voltarão a trazer impactos da falta de chuva.
A agropecuária responde por 8,6% do PIB do Rio Grande do Sul. Parece pouco, mas ela tem um efeito em cascata sobre os demais setores, já que o campo movimenta indústria e comércio de bens e serviços. Considerando esses desdobramentos, o setor primário tem influência em 40% da economia gaúcha. No Brasil, ele responde diretamente por 4,9% e, indiretamente, por 26,6%. Perceba que a dependência gaúcha é muito maior. Por isso, o alerta de que o efeito da estiagem é de interesse de todos os agentes econômicos, aponta o economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL POA), Oscar Frank, que faz os comparativos com os dados do Banco Central.
Quanto aos demais setores, Frank observa que a indústria fechou 2021 com um nível semelhante a setembro de 2002. As fábricas começaram a se recuperar primeiro na pandemia, mas a retomada travou na falta de insumos e problemas logísticos mundiais. O comércio ampliado voltou a um nível semelhante a junho de 2012, enquanto serviços estão em patamar semelhante a dezembro de 2016, quando foi o auge da grande recessão entre 2015 e 2016. Esses últimos setores sofreram nos fechamentos provocados pela pandemia, apresentaram fortes recuperações em meses após as reaberturas, mas, agora, vêm sentido o impacto da inflação nos preços e na renda do consumidor.
Final de 2021
Em dezembro, a economia gaúcha recuou 3,5% sobre novembro, com ajuste sazonal. No quarto trimestre sobre o terceiro, houve um avanço de 1,8%.
- A base de comparação do último trimestre foi muito fraca. Vale lembrar que, entre julho e setembro, o Rio Grande do Sul recuou 1,9%: um dos piores resultados entre todas as regiões investigadas pelo Banco Central. O avanço, portanto, só foi suficiente para igualar as perdas anteriores, resultando em uma estagnação ao longo do segundo semestre de 2021.
E 2022?
Difícil projetar números. O economista Oscar Frank ainda não tem previsões, pois os indicadores ainda não capturaram os efeitos da estiagem e o avanço recente da pandemia.
- Altíssima margem de erro na previsão, pois ainda é muito difícil projetar os impactos da estiagem por completo. Lembrando que os indicadores ainda não capturaram os efeitos da disseminação da Ômicron. As leituras preliminares setoriais referentes a janeiro sugerem um impacto baixista relevante.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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