A prévia da inflação oficial do país aponta que fecharemos 2021 com um IPCA de dois dígitos. Será a primeira vez desde 2015. O acumulado do IPCA-15, que pega os preços dos 30 dias anteriores a metade de cada mês, trouxe variação de 10,42%.
Mesmo com as manifestações do presidente Jair Bolsonaro (e com a participação delas quando pressionaram o dólar) desde o início do ano, os combustíveis estão entre as principais pressões de alta da inflação. Gasolina, gás de cozinha e diesel estão no topo do ranking das maiores elevações, além das passagens aéreas, impactadas em parte por alta de querosene. Junto, estão a conta de luz, com aumentos de até dois dígitos das tarifas de energia e elevações sucessivas da cobrança extra mensal, até mesmo com a criação da bandeira tarifária escassez hídrica.
E como foi em 2015? Naquele ano, o IPCA fechou em 10,67%, a maior taxa desde 2002. Ficou bem acima da meta de 4,5% do Banco Central para o ano, que até é maior do que a que a autoridade monetária buscava para 2021. Era o governo de Dilma Rousseff, cujo impeachment no ano seguinte avançou em um clima de crise de preços.
O que mais pesou no bolso do brasileiro em 2015 foram os preços dos alimentos e das bebidas, +12,03%. Não foi o aumento mais forte entre os tipos de gastos analisados pelo IBGE, mas o peso era o maior no cálculo. Teve problema de clima, mas também elevação de custos de energia e combustível para os produtores. Ou seja, semelhante ao que ocorre agora. E vejam só: o maior impacto do ano na análise individual dos itens partiu da energia elétrica e dos combustíveis.
A conta de luz do consumidor brasileiro ficou, em média, 51% maior (acima da deste ano). Já o reajuste no valor dos combustíveis chegou a 21,43% (bem menor do que a de 2021). Teve aumento da gasolina e também do etanol, como está acontecendo agora.
A inflação está distribuída. Muito porque esses itens que subiram têm efeito em cascata em outros. Não é inflação de demanda e muito menos pontual. Isso continuará preocupando o Banco Central, que deve mesmo seguir o ritmo forte de aumento do juro.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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