Ouvintes e leitores da coluna não foram pegos de surpresa pela elevação da gasolina nesta terça-feira (2) em postos de combustíveis. Desde a semana passada, a coluna alertava para fatores que pressionariam os valores, confirmados também pelo Sulpetro, sindicato que representa os postos de combustíveis. Não é só a alteração nas refinarias que puxa reajustes nas bombas.
Ontem, foi congelado o preço de pauta usado para calcular o ICMS dos combustíveis. Mas a suspensão ocorreu após a entrada em vigor do novo valor, que é de R$ 6,62, que é R$ 0,25 superior ao da quinzena anterior. Além disso, as distribuidoras já tinham avisado de que ocorreria o repasse da alta do etanol, que é misturado na gasolina e dispara de preço ao longo de 2021, principalmente devido à quebra da safra da cana-de-açúcar. Há ainda o impacto da própria alta do diesel, que é usado para transporte dos combustíveis. A coluna e a Rádio Gaúcha ainda não conseguiram entrevistar o setor, mas, internamente ao mercado, distribuidoras também usam como argumento o aumento da importação de combustíveis com as cotas de venda estabelecidas pela Petrobras.
Os postos compram combustível das distribuidoras, que, por sua vez, adquirem das refinarias do Brasil ou do Exterior. Aqui, a Petrobras elevou em R$ 0,25 o preço da gasolina nas refinarias em 25 de outubro. A medida vale para a Refap (Refinaria Alberto Pasqualini), em Canoas. Uma semana antes, a Refinaria de Petróleo Riograndense, que é privada e produz 15% da gasolina A do Estado, também elevou em R$ 0,288 o preço.
Qual a tendência? O etanol deve seguir em alta. Para o dólar, há pressões internas e externas. Tem a expectativa para a decisão do Federal Reserve (Fed) amanhã sobre a retirada de estímulos à economia norte-americana, que pode ter um impacto no câmbio que ainda não esteja absorvido pelo mercado. No Brasil, aguardam-se novidades sobre a política fiscal. Já quanto ao petróleo, a tendência é de alta com o aumento do consumo de combustíveis no mundo. Porém, há uma reunião amanhã da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) , que está sob pressão para elevar a produção de petróleo.
Quanto ao ICMS, o preço para cálculo do imposto segue congelado até final de janeiro. Porém, no Rio Grande do Sul, a alíquota que está majorada em 30% voltará a 25% na virada do ano. Portanto, será um percentual menor aplicado sobre o valor, o que reduzirá em R$ 0,33 o imposto pago por litro. Quando sinalizou de que o ICMS seria congelado, o secretário da Fazenda do Rio Grande do Sul, Marco Aurélio Cardoso, já avisava de que a tendência era de alta pelos outros fatores que formam o preço da gasolina.
O presidente Jair Bolsonaro tem voltado a criticar a política de preços da Petrobras, que observa dólar e petróleo. Porém, ainda não há nenhuma mudança concreta em vista. Ele disse que haverá novo reajuste em 20 dias, mas a estatal negou que tome decisões com esta antecedência. A privatização também voltou aos discursos, mas analistas dizem ser difícil tão perto da eleição.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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