A crise de energia na China começa a impactar aqui. O racionamento afeta fornecimento de insumos, como alumínio e vidro. O preço do carvão disparou, fazendo fábricas suspenderem ou reduzirem produção. O mercado chinês é o principal destino das nossas exportações, mas também uma origem relevante das importações. E não apenas de produtos finais a consumidores, mas de muitos insumos usados em diversas partes da cadeia econômica.
O governo chinês tem tomado medidas para garantia o fornecimento, mas a preocupação persiste. O inverno trará aumento no consumo de energia. Enquanto isso, comunicados começam a ser enviados de lá a empresas aqui no Rio Grande do Sul, com alertas de aumento de preços. Confira o trecho de um informativo ao qual a coluna teve acesso:
"Informamos que, com o rápido crescimento da demanda doméstica de energia na China, resultou em escassez de fornecimento de energia, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China ("NDRC") determinou a política de "controle duplo do consumo de energia". Como resultado desta NDRC política e a correspondente escassez de eletricidade, as indústrias relevantes com alto consumo de energia reduziram ou interromperam a produção, e cortes de energia foram ordenados. Afetados por isso, alumínio eletrolítico, vidro, silício industrial e outras commodities estão em falta. E conforme o inverno se aproxima , a maior parte do norte da China entra na estação de aquecimento, a demanda de consumo de energia continua a crescer, a escassez de fornecimento de carvão, fornecimento de energia e matérias primas será ainda mais intensificada."
Sócio da Ecosul Energias, Alan Spier compra equipamentos para o sistema de energia solar da China. Diz que os estoques estão abastecidos, porém faz alertas quanto a aumentos de preço. Inclusive, para o fato de que vendas podem estar sendo feitas sem a projeção desse impacto nos custos.
A situação da China se soma às incertezas energéticas do próprio Brasil. E esse é um dos fatores que travam a retomada da recuperação industrial. A produção das fábricas cai há três meses no país. Aqui no Rio Grande do Sul, o recuo também já dura um trimestre e ocorre em maior intensidade. Foi o único Estado do Sul sem crescimento.
"A recuperação industrial está sem pulso e, ao menos por enquanto, a produção não está crescendo em 2021. A contar pelos dados do IBGE, variações positivas, quando existem, ocorrem mais em função de bases de comparação muito baixas do que por um processo de retomada do nível de atividade do setor. ", diz análise do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi)
Os obstáculos são vários. Do lado da oferta, há gargalos na obtenção de insumos e pressão de custos. Do lado da demanda, a inflação corrói poder de compra da população em um quadro de elevado desemprego. Somam-se a isso a crise hídrica e a tensão política.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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