Clovis Tramontina, presidente da Tramontina (e também do conselho), projeta entregar o comando da empresa com um faturamento de R$ 10,5 bilhões, um pouco acima do que tinha colocado como meta. Em 2020, a companhia faturou R$ 8,3 bilhões, 39% acima do ano anterior. A sucessão na presidência da indústria de Carlos Barbosa ocorrerá em 2022. A coluna perguntou sobre o assunto na entrevista do empresário ao programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. Confira:
Quando conversamos antes da pandemia, o senhor falou que o problema mais grave do Brasil era o desemprego. E agora, com esse desajuste econômico global provocado pela pandemia no último ano, como avalia o momento?
A pandemia desarrumou o mundo. Não só o Brasil. Eu acho que, em tudo, tem perdas e ganhos. Por exemplo, a pandemia fez com que a gente aprendesse muitas coisas. As empresas estão vendo que muitos gastos que tinham antes - de viagem, de convenções, de reuniões prolongadas - podem ser revistos. A gente pode fazer a mesma coisa, ter um mesmo resultado, com custos muito menores. Eu espero que as empresas aproveitem essas oportunidades. Eu, por exemplo, fiz durante 30 anos reuniões presenciais em todo o Brasil. Viajava, reunia 700 pessoas - não todas de uma vez - em viagens, almoços e jantas. A pandemia fez com que a gente aprendesse a valorizar mais o tempo e gastar menos. Outra coisa que precisamos fazer: voltar a gerar emprego. E estamos gerando empregos. Eu ouvia antes sobre as dificuldades do turismo. Esse pessoal perdeu muito, a parte de eventos, teatro, as casas fechadas, os restaurantes. Mas, com a vacinação, estamos voltando com força total, e o turismo regional será muito valorizado. Eu digo para nosso pessoal: se preparem, porque quem continuou trabalhando nesse período de pandemia pode ter certeza, agora com a retomada, vai sair mais rápido. O pessoal pergunta: por que vocês estão à frente? Porque nós não paramos de investir. E não pode parar de investir. Pode desacelerar, mas continue investindo, apostando e acreditando nas pessoas, porque esse é o maior patrimônio que temos. Com gente boa, a gente vai a qualquer lugar.
A meta de atingir um faturamento de R$ 10 bilhões está bem encaminhada?
Super bem encaminhada. Acho que vamos passar de R$ 10,5 bilhões. Ajudado, inclusive, pelo recorde de exportações. Esse ano, nós devemos bater mais de US$ 400 milhões em exportações. Isso também foi um ganho fantástico. Claro que tivemos algumas estratégias importantes. Por exemplo, tínhamos uma unidade nos Estados Unidos e transferimos ela para o Brasil, porque aqui somos muito mais competitivos do que lá.
E como está o processo de sucessão da Tramontina?
A sucessão da Tramontina é tranquila. Nós tivemos, até hoje, dois presidentes. Um foi meu pai, Ivo, que trabalhou junto com seu Ruy Scomazzon até meu pai falecer. E meu pai era o presidente, e o Seu Ruy, o vice-presidente. Mas os dois trabalhavam juntos. Depois, nos anos 1990, fui eu e o Eduardo Scomazzon, filho do seu Ruy. Depois, o Eduardo ficou um tempo fora, e aí assumiu o Joselito Gusso como vice-presidente. E aí, quando começou a pandemia, eu fiquei um tempo no Litoral e pensei: "espera aí, vou fazer 30 anos de presidência, está na hora de fazermos o trabalho de sucessão". Então, estudamos juntos. Porque as nossas duas famílias, Tramontina e Scomazzon, trabalham muito juntas. Então, pensamos em fazer algo mais democrático: um rodízio de presidência. Assim, a cada quatro anos, a presidência muda entre a família Tramontina e a Scomazzon. Então, o Eduardo Scomazzon assume como presidente, e o meu filho, Marcos Tramontina, assume como vice-presidente, a partir de janeiro. A perpetuação de qualquer lugar, seja do clube do futebol, na igreja, se dá pela troca. Eu acho que vem energia nova. Para a Tramontina, vai ser muito bacana. O que é importante é que eles vão seguir os valores da empresa. Aqueles que seguimos desde a minha avó, do meu avô, do meu pai, do seu Ruy. A nossa administração é de equipe, não é de uma pessoa só. Uma andorinha não faz verão. O Clóvis está presidente, tem que ter um líder, mas o restante que toca. É importante ter uma equipe para tocar a atividade. E isso nós temos muito bem estruturado na Tramontina.
Ouça a entrevista completa à Rádio Gaúcha:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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