A coluna esteve na Expointer nesta semana e conversou com economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado (Farsul), Antônio da Luz, durante o programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha. O agronegócio foi um dos grandes responsáveis pelos bons resultados do PIB gaúcho, principalmente no primeiro trimestre do ano. No bate-papo, o economista falou sobre as projeções para a próxima safra e analisou a inflação, que impacta o preço dos alimentos para o consumidor final. Confira:
O que podemos esperar da próxima safra?
De fato, estamos tendo um ano muito bom para o agronegócio, que reverbera nos demais segmentos da economia. Se olharmos para o PIB do Rio Grande do Sul, nós devemos ter um crescimento maior do que o PIB brasileiro neste ano, por conta da nossa recuperação frente ao ano passado, em que tivemos uma estiagem. E como estamos fazendo a comparação com uma base mais fraca, vamos crescer mais, e esse crescimento vai refletir, também, na economia gaúcha como um todo. O agronegócio não é somente a agropecuária. Todos nós fazemos parte do agronegócio, de maneira direta ou indireta. Nós todos, independente de sermos produtores rurais ou não, ajudamos a construir o sucesso do agronegócio gaúcho e brasileiro. As indústrias são fundamentais para o sucesso do agronegócio. Os serviços também. E a agropecuária é o núcleo disso tudo. Então, quando a agropecuária vai bem, acaba impactando toda a economia.
E na próxima safra, especialmente com a soja, está tudo bem no radar?
Sim. Nós esperamos, inclusive, um crescimento na produção de soja para o ano que vem. Aqui no Rio Grande do Sul, diferente do Centro-Oeste, que tem um clima muito comportado, temos um clima rebelde. Então, sempre temos que deixar claro que, se tudo der certo no ponto de vista climático, nós esperamos, sim, ter uma safra boa no ano que vem, não só de soja, mas de todos os grãos. Um crescimento importante do milho. O próprio trigo, que é uma lavoura de inverno, já está vindo bem maior do que no ano passado, e deve crescer mais ainda no ano que vem. Se o clima não nos atrapalhar, provavelmente seremos maiores, com mais tecnologia, produção e produtividade.
E em relação aos preços dos alimentos que chegam aos consumidores finais. Não é a safra que influencia o preço dos alimentos, são outros fatores. E observando esses outros fatores, nós conseguimos fazer algum tipo de projeção sobre alívio no preço para os consumidores?
Eu não acredito que estamos enfrentando um problema de inflação de alimentos, e sim um problema de inflação geral. Eu também sou consumidor, vou ao supermercado e não gosto de ver os preços dos alimentos no valor que estão. E a Farsul não quer ver esses preços, porque isso faz o consumo ser menor. Agora, quando eu saio das prateleiras de alimentos e vou em higiene, esporte, automotivo, ferragens, nos outros corredores, eu também fico estupefato com os preços. Tudo está mais caro. E por que tudo está mais caro? Por um processo inflacionário que é decorrente daquele monte de dinheiro que se jogou na economia no ano passado para tentar reduzir os danos: auxílio emergencial, BEm (Programa do Benefício Emergencial), Pronampe. No ano passado, nós tivemos um déficit de R$ 700 bilhões nas finanças públicas para a economia não quebrar. Os governos do mundo todo fizeram isso. Por isso, estamos tendo inflação no mundo todo. Claro que temos fatores pontuais, como a taxa de câmbio, o preço da energia elétrica. E temos que esperar a Selic fazer o seu trabalho de reduzir a base monetária para que tudo volte ao normal. Mas voltar ao normal não é voltar aos preços que estavam, e, sim, parar de aumentar do jeito que está aumentando.
Mas se o dólar reduzisse agora, já poderia dar uma ajudada para amenizar os preços dos alimentos?
Se o câmbio desse uma refrescada, sim. Mas nós não temos no radar que ele vá dar esse refresco para nós no curto prazo. Pelo contrário, o que se desenha é um câmbio mais elevado por um bom tempo.
Ouça à entrevista no programa Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha:
*Colaborou Daniel Giussani
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Equipe: Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Francine Silva (francine.silva@rdgaucha.com.br)
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