Em um movimento já esperado, o PIB gaúcho do primeiro trimestre cresceu 4% sobre o último trimestre do ano passado e 5,5% sobre o primeiro. A base de comparação é baixa. Em especial, pelo impacto da estiagem. Ainda assim, é positivo porque, afinal, poderia não ter crescido. É importante que esse crescimento continue e comece a ser puxado, também, pelo mercado interno, já que muito do avanço é provocado pelo Exterior. O mesmo deve ser observado no PIB nacional, que avançou 1,2% sobre o final de 2020 e 1% sobre o primeiro trimestre de 2020.
Dividindo o trimestre, março não foi um mês bom. O comércio ficou com restrições severas até o dia 22, quando foi retomada a cogestão. Mas ainda mostrou resiliência, recuando menos do que o esperado. Em abril - ponderando que sobre a base baixa de março-, o varejo já saltou 14,9% e os serviços cresceram 1% no Rio Grande do Sul. No mês, voltou a ser pago o auxílio emergencial. Mas estes setores ainda dependem muito da vacinação, do emprego e do controle da inflação para que não comprometa demais a renda.
Mas aí vem o setor que mais tem preocupado a coluna: a indústria. Ele não é o que mais pesa no PIB e nem o que mais emprega, mas paga bons salários, é termômetro e também motor da economia. As fábricas estão enfrentando dois problemas que quase tiram de letra a incerteza quanto à vacinação no país: a falta e o aumento de preços dos insumos.
Cada vez que pergunto para executivos de grandes empresas sobre quando o cenário vai melhorar, escuto: "essa é a pergunta de R$ 1 bilhão." Os prazos para normalização no fornecimento de insumos não estão se cumprindo desde o final do ano passado, e não há perspectivas de curto e nem médio prazo. Enquanto a inflação para o consumidor superou 8% agora, ela já está há meses em dois dígitos na indústria, puxada por aço, cobre, alumínio, plástico, cimento e tantos outros itens. Nas fábricas de alimentos, pesam as cotações das commodities agrícolas, como milho e soja.
Muitas não conseguem repassar os custos. Afinal, não há espaço no caixa dos clientes e nem no bolso do consumidor. Outras não estão garantindo preços aos seus clientes pelos prazos de tradicionais porque não conseguem planejar custos. Enquanto isso, os setor de serviços antecipou a apresentação de alta de preços, o que surpreendeu na última divulgação do IPCA, a inflação oficial do país.
Ainda assim, os próximos PIBs devem ficar positivos no segundo trimestre. Março ajudou a baixar um pouco a base de comparação com o primeiro trimestre. Em relação ao mesmo período do ano passado, então, nem se fala. Foi um período crítico da economia pandêmica. No Rio Grande do Sul, o segundo trimestre também tem forte impacto da safra.
Coluna Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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