Empresa que aparece com frequência aqui na coluna pela virada que fez no seu negócio, a Mercur, de Santa Cruz do Sul, está lançando um curso de extensão em parceria com uma universidade gaúcha. A temática, claro, gira em torno de uma mudança profunda em empresas. A indústria irá compartilhar suas mudanças, processos, formas de ver e compreender o mundo e o mercado.
O nome do curso é "Empreendimentos Inovadores – Pessoas Ressignificando Negócios". A realização é em parceria com a Unisinos, que já abriu as inscrições. As aulas começam em abril e vão até dezembro.
- A Mercur fez mudanças concretas em sua organização, visando romper com a lógica destrutiva, orientando seu negócio para o bem das pessoas, da vida e do planeta - ressalta a professora Ieda Rodhen, do curso de Psicologia.
E sobre o que será compartilhado no curso, o coordenador do Laboratório de Inovação Social da Mercur, João Carlos Vogt, diz:
- Existem outros jeitos de ser empresa. Esse é o caminho que temos trilhado desde a virada de chave, em 2009.
A Mercur mantém a sede em Santa Cruz do Sul e tem 700 funcionários. Possui, ainda, uma rede para a cocriação de produtos vendidos na loja virtual e em pontos por todo o país. Além de itens clássicos como a Borracha de Apagar Record e a Bolsa Para Água Quente, criados há 80 anos, a Mercur produz giz de cera, colas, órteses, muletas e recursos para auxiliar nas atividades de vida diária como engrossador de talheres e pulseira de peso para quem tem movimentos involuntários de membros superiores.
A virada de chave
Os leitores da coluna já conhecem a mudança profunda feita na Mercur, uma virada de chave que teve início há mais de 10 anos. A empresa foi criada em 1924 para buscar na borracha as soluções para problemas enfrentados na economia local, já que os fundadores não precisavam da renda. Jorge Hoelzel é da terceira geração da família, conduz o negócio hoje e disse que esta origem foi um dos motivos para a guinada. Tudo começou quando se questionou o que aconteceria com o mundo se a Mercur acabasse. A resposta, até então, era: nada.
— Éramos muito bons no econômico-financeiro, mas precisávamos olhar para os pilares social e ambiental. Os três formam a sustentabilidade, conceito que tem ficado superficial. Há empresas que pintam parte do produto de verde para cobrar mais lá no final — explica o empresário, que trouxe para a empresa valores que segue na vida pessoal.
Uma das ações mais delicadas foi suspender a venda para a indústria do fumo, considerando que a Mercur tem fábrica em Santa Cruz do Sul. Depois, interrompeu a produção de itens como peças técnicas industriais, lençóis de borracha, pisos e isolante elétrico. Os produtos destoavam no novo propósito da empresa. O foco ficou nas áreas de educação e saúde, com destaque para produção de itens para o uso no dia a dia por pessoas com deficiência e materiais escolares sem personagens infantis. Mais recentemente, parou totalmente com a publicidade volta a crianças.
A coluna foi recebida na fábrica em Santa Cruz do Sul, que tem cheiro de borracha e traz a memória do material escolar recém comprado. Relembre: Virada na Mercur teve fim dos cargos de chefia e dos personagens infantis
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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