Os tradicionais reajustes salariais de todos os anos já estavam baixos e agora estão também perdendo para a inflação. Movimentos como esse geram dúvidas dos leitores sempre, que ainda recordam dos anos de índices que giravam em torno de 10%. Mas eles ocorriam porque a inflação estava alta. Então, tratava-se de uma recomposição do poder de compra do salário e não um ganho real, que só existe quando o reajuste fica acima da inflação.
As negociações usam como parâmetro o acumulado de 12 meses do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo IBGE e que considera famílias com renda menor. Ele chegou a ficar abaixo de 2% e voltou a subir agora com a alta nos preços dos alimentos. Em setembro, trouxe um acumulado em 3,89%. Assim que os preços perderem força ou pegar a base alta do aumento da carne em 2019, ele tende a cair novamente.
Ainda assim, os reajustes estão perdendo para a inflação, segundo o boletim Salariômetro, da Fipe. As empresas endureceram, enquanto os sindicatos patronais foram mais flexíveis. Contrariando a tendência, os acordos coletivos - fechados com empresas - ficaram abaixo da inflação e as convenções coletivas - negociadas com os sindicatos patronais - superaram o INPC.
Em 47,2% das negociações de agosto, os trabalhadores não conseguiram repor a inflação. Em 20,4%, empataram com o INPC e, em apenas 32,4%, obtiveram ganhos reais. Com o INPC subindo, haverá pouco espaço para ganhos reais nas negociações, analisa a Fipe. O piso salarial mediano ficou em R$ 1.182, que é 13,1% acima do salário mínimo.
O coronavírus está afetando também a quantidade de negociações, observa a Fipe. Até agosto em 2020, houve queda de 8,7 % na comparação com o mesmo período de 2019. Foram 13.838 contra 15.160 do ano passado.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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