Quem está pagando financiamento de imóvel na planta, pode estar já sentindo a alta do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC). Chamado de inflação da construção, o indicador disparou e é usado para reajustar o saldo devedor, com reflexo na parcela do empréstimo. Isso porque ele traz o aumento dos custos da construção, que é exatamente o que está pressionando o indicador calculado pela Fundação Getúlio Vargas.
Em setembro, ele ficou em 1,15% no país e já vem subindo nos meses anteriores. Aqui em Porto Alegre, o INCC deste mês foi de 1,28%. Há pressão forte dos preços dos materiais e equipamentos para construção. Em especial, itens para estrutura e instalação. A demanda subiu com força, enquanto falta insumo na indústria. Redução de oferta com aumento da procura leva à disparada de preços. No acumulado de 12 meses, o INCC já está em 5,01%.
Além do juro que depende de cada contrato de financiamento, a prestação do imóvel na planta é impactada pela correção monetária mensal pelo INCC. E, além dela, também aqueles reforços que são acordados para pagamento pelo comprador e até mesmo o valor da entrega das chaves. Outros indicadores passam a ser adotados quando a obra termina e o financiamento passa para uma instituição financeira.
Setembro, por exemplo, teve uma inflação da construção que é mais da metade da inflação geral do consumidor prevista para todo 2020. É bem provável que a renda da família não acompanhe esse aumento. Sem considerar que a correção é feita em cima do valor reajustado antes, ou seja, temos uma bola de neve. O comprador paga prestações e não vê o saldo baixar.
É preciso colocar na ponta do lápis, já que cancelamentos de contratos também geram o pagamento de multas. Nada impede também que haja uma negociação com a construtora, que pode também rearranjar seus custos. Lembrando que há espaço para reivindicação a não aplicação do indicador em imóvel com entrega atrasada ou com obra parada.
O alerta vale também para quem está pensando em comprar o imóvel na planta agora. Não se tem perspectiva tão cedo de um ajuste na produção industrial que eleve a oferta de produtos, levando à uma redução de preços. Fábricas, inclusive, suspenderam vendas para 2020 por entenderem que não haverá como atender aos pedidos. A dica, para esses compradores, é parcelar em menos vezes que puder. Apesar desse aumento, o aluguel também está disparando, já que é reajustado pelo IGP-M, outro indicador de inflação em alta: O susto com o reajuste do aluguel será ainda maior; antecipe-se
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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