O relatório regional do Banco Central alertou para o impacto do coronavírus na economia do Rio Grande do Sul, prolongando e intensificando uma crise que já tinha sido provocada pela estiagem no início do ano. Apontou como isso foi mais intenso nas regiões onde predomina o setor terciário e também o industrial. Mas também salientou que indicadores mais recentes, de maio e junho, apontam sinais de retomada. A autoridade chama de "estatísticas mais tempestivas". Claro que ainda há um longo caminho - ainda difícil de dimensionar - para compensar as perdas da pandemia.
O Banco Central citou, por exemplo, o licenciamento de veículos, que aumentou 19,9% no bimestre maio-junho em relação aos dois meses anteriores, quando havia recuado 52,4%. Além disso, dados evidenciam o avanço das transações com cartão de débito, com alta de 6,9% em relação ao período pré-pandemia, considerando os 30 dias anteriores a 14 de julho.
"(...) sobressaindo as receitas provenientes de supermercados e afins, e de material de construção", complementa a autoridade monetária, ponderando que varejo de vestuário e calçados recuou 32,2% no período.
"A alta significativa no período imediatamente posterior ao de maior isolamento social sugere a efetivação de vendas represadas. Além disso, a fim de conter a velocidade de contágio do vírus, após um período de abertura, o comércio não essencial voltou a fechar em várias regiões do estado, dentre as quais, a metropolitana de Porto Alegre."
Indicadores da atividade industrial sugerem recuperação, segundo o Banco Central. Na comparação com o ano passado, a variação das notas fiscais eletrônicas (NFe) atingiu expansões de 7,1% em junho e 7,6% em julho (dados até dia 19) nas vendas da indústria, após retração de 22,6% e 15,0% em abril e maio. A fabricação de produtos alimentícios manteve trajetória de expansão das vendas e, dentre as atividades industriais com maior queda no trimestre até maio – veículos, calçados e móveis –, observou-se melhora na indústria moveleira, desaceleração da queda na automotiva e manutenção do fraco resultado na fabricação de calçados.
Dados do consumo de energia na indústria de transformação sugerem continuidade da recuperação em junho e início de julho, com variações respectivas de -4,8% e de -0,6%. Os setores de vestuário e fabricação de produtos de metal já voltaram ao consumo pré-pandemia.
O crédito foi usado, em especial, para dar liquidez às empresas. Houve crescimento de 10,3% nas operações contratadas por pessoa jurídica, com destaque para empréstimos para capital de giro e no financiamento à exportação. Dados preliminares para junho sugerem continuidade nesse processo.
Na exportação, que ainda cai, o destaque vai para a soja. O grão respondeu por 30% dos embarques, sobretudo para a China.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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