Com o fechamento do semestre, o Rio Grande do Sul já contabiliza a extinção de 94.490 empregos com carteira assinada. O governo federal divulgou nesta terça-feira (28) o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), abastecido por informações repassadas pelas próprias empresas. Com o saldo negativo entre contratações e demissões em junho, já são quatro meses consecutivos com perda de postos de trabalho no Estado.
O pior mês foi abril, com 77.927 empregos extintos. Em junho, o fechamento perdeu força, mas ainda foram 4.851 vagas perdidas no mês. O Rio Grande do Sul teve o terceiro pior desempenho do país, atrás apenas de São Paulo e Rio de Janeiro.
Aqui no Estado, 48 mil homens e 46 mil mulheres, aproximadamente, perderam o emprego no primeiro semestre. O maior número de vagas extintas era ocupado por profissionais com Ensino Médio completo, representando praticamente a metade do total de empregos fechados no Rio Grande do Sul. Quanto às faixas etárias, o pior resultado foi para trabalhadores entre 30 e 39 anos, seguidos por pessoas com idade entre 50 e 64 anos.
Por setores
No acumulado de 2020, o pior resultado é do comércio, seguido pelo setor de serviços. Ambos são os que mais sofreram com as restrições a atividades econômicas provocadas pela pandemia. O menos pior, mas ainda com resultado negativo, é o setor da agropecuária. Confira:
Comércio: -35.038 empregos
Serviços: -33.841 empregos
Indústria: -21.283
Construção: -4.134
Agropecuária: -194
Porto Alegre
No caso da Capital, já foram perdidos 23.387 empregos com carteira assinada em 2020. Setor que mais pesa no PIB, os serviços extinguiram 12.162 vagas de janeiro a junho em Porto Alegre. Em junho, foram 1.876 empregos fechados.
Perspectivas
As perspectivas não trazem muito alento. Os próximos meses tendem a trazer novos resultados negativos já que não há perspectiva de fim da pandemia para trazer de volta a confiança e os investimentos na economia de forma mais generalizada. Fala-se em um repique com um novo fechamento forte de empregos. Isso deve ocorrer se as vacinas contra o coronavírus não avançarem ao longo dos próximos meses e caso as medidas do governo federal flexibilizando as regras trabalhistas não sejam renovadas conforme a crise se prolonga. A suspensão de contrato e a redução de jornada com pagamento do benefício emergencial pelo governo têm evitar uma onda ainda maior de demissões.
Lembrando que o Caged não considera o emprego informal, que aparece na pesquisa por amostragem feita pelo IBGE. São os trabalhadores que mais estão sofrendo com a crise, tem mostrado o instituto. No entanto, muitas pessoas deixaram de buscar trabalho na pandemia, represamento que tende a aparecer depois com força em um salto da taxa de desemprego, caso a geração de vagas pelas empresas não acompanhe o ritmo.
Repiques de crescimento econômico aparecem em momentos de flexibilização. Sustentam uma expectativa de retomada mais rápida da economia quando vencermos a pandemia. No entanto, essa capacidade de reação vai perdendo força com o tempo, conforme emprego e renda são mais corroídos.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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