Com 35 mil alunos, a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) anunciou na última semana uma série de benefícios financeiros para os estudantes (antecipados aqui pela coluna). Foi um pacote construído em dois meses de reuniões, analisando orçamentos e as demandas dos estudantes. O reitor Irmão Evilázio Teixeira diz que não foi fácil, como nada praticamente tem sido nesta pandemia. A inadimplência aumentou 12%, 60% e 177% respectivamente de abril a junho, na comparação com os mesmos meses do ano passado. Ao mesmo tempo em que a situação financeira das famílias dos alunos preocupa muito.
- Meu sonho era que nenhum estudante nosso parasse de estudar por problemas financeiros, interrompendo sua carreira e seus planos - desabafou o reitor em entrevista ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha).
Não foi possível, segundo ele, dar desconto na mensalidade e, realmente, poucas universidades estão concedendo. Mas haverá redução no valor da rematrícula, também não será cobrado juro ou outros encargos para quem está em dívida e haverá crédito especial sem juros para ser usado na pandemia. Entre as iniciativas da PUCRS, também está oferecer aulas gratuitas em diversos cursos, até mesmo de idiomas, para agregar valor ao estudante e também, claro conquistar novos alunos.
- Não é hora de construir grandes castelos. É preciso atenção para manter a base, trabalhando com serenidade até que a economia volte a crescer e vai voltar. Em outra analogia, não é o momento de navegar o mar, mas de surfar a onda - diz o reitor, que conduzirá na próxima semana inteira o planejamento para o próximo semestre já avisando que a imprevisibilidade do momento impede planos de médio e longo prazo.
A universidade está trabalhando para diversificar mais, mas as mensalidades ainda respondem por 90% da receita. Mesmo que não tenha fins lucrativos, a PUCRS precisa manter a saúde financeira para seguir operando de forma adequada, lembra ele.
- Trabalha-se com a estimativa de que 30% das instituições de ensino superior do país vão desaparecer.
Além da inadimplência, houve ainda impacto financeiro do adiamento de cursos de especialização e de extensão, e suspensão de atividades de unidades complementares, como o museu e o parque esportivo. A evasão de alunos, por enquanto, segue estável.
Veja aqui a entrevista completa com o reitor da PUCRS, Irmão Evilázio Teixeira:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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