Um prédio, máquinas, laboratório e a marca da DHB Indústria e Comércio S.A. foram arrematados em leilão, totalizando uma arrecadação de R$ 13,88 milhões. A fabricante de peças para veículos teve falência decretada em abril deste ano.
O bem que alcançou o maior patamar foi o prédio da empresa, localizado no bairro São João, em Porto Alegre: R$ 11,55 milhões. Estimado em R$ 17 milhões, o patrimônio teve o valor reduzido devido à crise imobiliária, segundo o escritório Scalzilli Althaus, que atende a companhia.
A venda deverá possibilitar o pagamento de parte dos credores. De acordo com o administrador judicial, Laurence Medeiros, os próximos passos são a homologação pelo juiz e o agendamento de um novo leilão, conduzido por José Luis Santayana, para venda do saldo.
— Diante do atual cenário, o resultado foi positivo. Na sequência, será consolidado o quadro-geral de credores, para iniciar da forma mais rápida possível os pagamentos, de acordo com a ordem legal estabelecida na legislação falimentar — esclarece o sócio da Medeiros & Medeiros Administração Judicial.
A tendência é de que a ordem de credores a serem pagos comece pelos fiscais, seguidos pelos trabalhistas, prevê o escritório Scalzilli Althaus. Ainda há, no entanto, a possibilidade de que dívidas com bancos entrem nessa preferência para quitação.
Quase um ano após a falência da DHB Sistemas Automotivos, a Justiça estendeu os chamados "efeitos falimentares" para a DHB Indústria e Comércio S.A., controladora da fabricante de peças para veículos. A decisão teve a concordância da própria empresa, que colocou seus bens à disposição para ajudar no pagamento das dívidas trabalhistas.
Dos R$ 300 milhões em vendas à recuperação judicial
A DHB nasceu na década de 60 para fabricar direções hidráulicas para caminhões. Tinha dez funcionários. Passou a produzir cilindros para máquinas agrícolas. Na década de 80, se associou à uma divisão da General Motors, passando a fabricar direções hidráulicas para veículos leves, como o Monza, que foi sucesso de vendas.
Em 2011, a empresa atingiu o maior volume de vendas. Foram mais de R$ 300 milhões, empregando 900 pessoas. Só que em 2012, o dólar caiu e os clientes passaram a importar. Principalmente, a GM, que começou a comprar da Coréia do Sul.
Em 2013, o controle acionário passou para o grupo indiano RSB Industries e RSB Transmissions. A estratégia era fornecer no Brasil os componentes da RSB e os componentes DHB na Índia, mas não foi implementada. Os problemas pioraram e a crise do setor automotivo piorou. Em 2015, a DHB pediu recuperação judicial. O acionista indiano voltou para o seu país em maio de 2016.
O cenário econômico não melhorou e a greve dos caminhoneiros de maio de 2018 foi o que faltava para que o plano de recuperação judicial, baseado no pagamento de dívidas, deixasse de ser cumprido em abril. Os investidores italianos, com quem a direção negociava, recuaram. Então, a empresa teve falência decretada.
Confira os principais itens leiloados:
- Prédio: R$ 11,55 milhões
- Máquinas e equipamentos: R$ 1,83 milhão
- Laboratório: R$ 270 mil
- Marca: R$ 150 mil