O estrago da crise na Argentina no comércio exterior do Rio Grande do Sul continua. A coluna Acerto de Contas já tinha publicado que as exportações gaúchas para o país vizinho tinham despencado no primeiro semestre. Agora, já com os dados da balança comercial de janeiro a agosto, é possível observar uma queda de 44,1% em relação ao mesmo período do ano passado.
Nos primeiros meses de 2018, os embarques de produtos gaúchos somaram US$ 1.182.609.740. Já no acumulado de 2019 até agora, os argentinos importaram apenas US$ 660.805.171 do Rio Grande do Sul.
O setor de maior impacto neste resultado, sem dúvida, é o de automóveis, tratores, outros veículos terrestres, partes e acessórios. A queda nas vendas ficou em 63,7%. O dado chama ainda mais a atenção quando observamos o recuo do faturamento, que passou de US$ 519.728.452 para US$ 188.692.261.
Outros setores que influenciam o resultado, pela soma das vendas, são plásticos; e reatores, caldeiras e máquinas. Sem esquecer dos calçados, que historicamente têm a Argentina como um dos principais destinos. As calçadistas gaúchas venderam 39,9% menos para os argentinos.
Quem mais sofre é a indústria, alerta o economista-chefe da Câmara de Dirigentes Lojistas de Porto Alegre (CDL Porto Alegre), Oscar Frank:
— O enfraquecimento da demanda externa da Argentina não é novidade para o setor exportador gaúcho, que sofre perdas consideráveis desde o segundo semestre do ano passado. Falando em câmbio, juros e bolsa, o ajuste recente do mercado financeiro diante de uma iminente vitória da oposição deve manter a situação complicada por ainda mais tempo do que o previsto.
Frank, inclusive, esteve na Argentina nessa segunda-feira (2) e relata bastante insatisfação:
— Achamos as coisas baratas para quem tem reais. Agora, com pesos, pessoal disse que não consegue comprar muita coisa.
Quem tem ocupado o espaço da Argentina entre os destinos das exportações gaúchas são os Estados Unidos. Há setores, inclusive, que relatam estarem vendendo para os norte-americanos produtos que eles deixaram de comprar da China devido à guerra comercial entre os dois países. No entanto, sempre fica o alerta de que uma desaceleração das duas maiores economias do mundo traz um impacto no médio e longo prazo para o Brasil também.
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Siga Giane Guerra no Facebook
Leia mais notícias da colunista