O Rio Grande do Sul teve uma queda significativa no faturamento das exportações no primeiro semestre. Levantamento do economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, apontou um recuo de 14% sobre o mesmo período do ano passado. Os embarques de janeiro a junho somaram US$ 9,087 bilhões contra US$ 10,607 bilhões do início de 2018.
— O arrefecimento da demanda externa tem pesado negativamente sobre as exportações gaúchas em 2019. Embora a desvalorização da taxa de câmbio atenue parte desse efeito negativo para o setor, ao aumentar a rentabilidade das vendas em dólar, trata-se de uma dinâmica que preocupa, uma vez que somos mais abertos ao comércio exterior em comparação com outros Estados — analisa Frank.
O que mais chama a atenção no fechamento do semestre é que os dois principais destinos dos produtos gaúchos foram exatamente os que tiveram as maiores quedas. São eles China e Argentina.
A China era e segue como líder de compras, com grande foco no agronegócio. No entanto, a importação chinesa de produtos brasileiros caiu de US$ 3,078 bilhões para US$ 1,959 bilhões. Ou seja, um recuo de 36%. Os embarques de soja despencaram 51%.
A vizinha Argentina, em crise pior que a brasileira, reduziu em 46% as compras. O faturamento do que os gaúchos vendem ao país caiu de US$ 912 milhões para US$ 479 milhões. A principal influência foi a queda na venda de veículos automotores e tratores (-63%).
Com isso, Estados Unidos passaram a Argentina e ficaram em segundo lugar como principal destino, ainda bem atrás da China. Aumentaram as compras de produtos gaúchos em 17%, atingindo US$ 747 milhões.
— O acirramento das guerras comerciais, sobretudo envolvendo Estados Unidos e China, deprime o crescimento econômico global através do encarecimento dos produtos, da postergação das decisões de investimento e da deterioração das expectativas. Se o PIB global é menor, torna-se difícil elevar nossas exportações — conclui o economista.
A observação de Frank é importante para quem comemora que a briga entre as duas maiores economias do mundo está beneficiando alguns setores da economia pelo fato de os Estados Unidos comprarem do Brasil em vez da China. No prazo mais longo, a piora nos motores mundiais não é boa para o mercado brasileiro.