Os 10,56% do capital social da Dimed não são o único investimento recente no Rio Grande do Sul feito pelo Kinea, do Grupo Itaú Unibanco. Aliás, o fundo de private equity gastou recentemente outros R$ 200 milhões para comprar 49% do Centro Clínico Gaúcho, empresa de planos de saúde que agora está usando a marca Grupo CCG. Ou seja, dois grandes aportes financeiros em uma área que, pelos indicadores, foi a que menos sentiu a crise econômica no Rio Grande do Sul: a saúde.
O controle do CCG continuou com gaúchos e a sede, em Porto Alegre. A ideia do Kinea é que a empresa dobre de tamanho, incluindo aquisições e até mesmo comprando hospitais. Na época da operação, em maio, o Centro Clínico Gaúcho estava com 180 mil clientes e atuando em 12 cidades do Rio Grande do Sul. São mais de 1,6 mil funcionários. Do total, 70% são médicos, odontologistas, enfermeiros e técnicos em equipe própria.
Em geral, fundos de private equity, como o Kinea, compram participação ou a totalidade do negócio, investem na expansão e vendem depois de alguns anos. O fundo divulga que seu objetivo é ser sócio minoritário de empresas brasileiras, buscando atrair investidores com expectativa de retorno no longo prazo.
A estratégia é fazer investimentos que variem entre R$ 80 milhões e R$ 300 milhões em empresas de médio e grande porte. O Kinea diz que trabalha para acelerar o crescimento das empresas negócios através de novos investimentos ou aquisições, mantendo participação minoritária e indicando conselheiros.
Atua nos setores de saúde, educação, consumo, infraestrutura, agronegócio e tecnologia. No total, o Kinea Private Equity administra R$ 3,4 bilhão em recursos, que ficam divididos em seis fundos. A coluna Acerto de Contas solicitou informações sobre outros investimentos que o grupo tenha no Rio Grande do Sul e ainda aguarda retorno.
No caso do grupo dono da marca Panvel, o Kinea comprou praticamente toda a participação acionária de outro investidor que estava há quase 20 anos na empresa. Em nota enviada para a coluna Acerto de Contas, o grupo Dimed disse apenas que a operação não mexe no dia a dia da empresa, sem dar mais detalhes.
Já no mercado financeiro, há algumas expectativas interessantes. O fundo Kinea é conhecido pela experiência de atuação com empresas de capital aberto, ou seja, com ações negociadas na bolsa de valores de São Paulo (B3). Espera-se um avanço na governança da empresa, além da maior comunicação com investidores.
— É provável que ocorra, no futuro, até mesmo uma oferta de ações para uma expansão da empresa — diz uma fonte da coluna que prefere não se identificar.
A fatia de 10% parece pequena, mas é muito relavante em grandes empresas e dá direito a um assento no conselho de administração. A partir de 5%, as companhias de capital aberto já precisam, inclusive, enviar comunicados ao mercado, como ocorreu no caso da Dimed, que também é dona da marca Lifar.
Negócios em saúde bombando
Entre as mudanças demográficas que estão ocorrendo, o envelhecimento da população é a que mais chama a atenção. É uma tendência mundial que ocorre mais rapidamente no Rio Grande do Sul, onde 17,6% dos habitantes têm mais de 60 anos. Em 2060, esse percentual tende a dobrar, alcançando mais de um terço da população. Isso traz impactos profundos na economia. Preocupa por pesar na previdência e exige políticas públicas. Por outro lado, abre oportunidades de negócio. Em especial, na saúde. Leia mais: Novos negócios na saúde movimentam R$ 90 milhões e geram mais de 300 empregos no RS
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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