A semana termina com um susto para o bolso dos brasileiros: a Petrobras está aumentando o preço da gasolina na refinaria em R$ 0,10. Certamente, chegará nas bombas dos postos de combustível.
O litro passa de R$ 1,8326 para R$ 1,9354 nesta sexta-feira (05). Desde 2 de fevereiro, a Petrobras não reduz o preço e já tinha feito elevações em janeiro. Em 2019, a alta já supera 28%.
O preço até ontem vinha sendo mantido o mesmo desde 19 de março, enquanto os preços do petróleo seguiam em alta no mercado internacional. Agora, acontece esse repasse forte. Os valores no da commodity no exterior são o principal fator observado pela Petrobras para praticar os reajustes no Brasil, desde que a estatal mudou sua política de preços em 2017.
O preço da refinaria é o valor cobrado das distribuidoras, sem tributos. Depois, cada uma define quanto vai cobrar do posto de combustível, que também tem liberadade para determinar por quanto a gasolina sairá da bomba, para o consumidor. No meio disso, há margens de empresas e tributação. No Rio Grande do Sul, a alíquota de ICMS é de 30%, entre as maiores do país.
A gasolina já subiu R$ 0,38 no Rio Grande do Sul desde que começou a sequência de altas consecutivas no preço do combustível. O litro da comum está custando em média R$ 4,588, segundo a pesquisa da Agência Nacional do Petróleo disponibilizada no último sábado (30). Há semanas, alguns postos voltaram a vender o litro a mais de R$ 5.
A média estadual da ANP é o maior patamar desde a primeira semana de dezembro. Ou seja, estamos com a gasolina mais cara em quatro meses. O pico foi em outubro do ano passado, com a gasolina custando em média R$ 4,953 no Rio Grande do Sul.
Tendência
O aumento na refinaria será repassado, garante o diretor-presidente da Rede SIM, que tem 130 postos de combustível na Região Sul. Importante empresário do setor, Neco Argenta estima que o aumento na bomba de combustível ficará em torno de R$ 0,10 também. Já o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro/RS), João Carlos Dal'Aqua, concorda que haverá aumento mas diz que não se atreve a dimensionar quanto.
A diferença é que, na refinaria, esses centavos a mais representam aumento de 5,6%. Nos postos, significam uma alta de 2,18%, considerando o último preço médio da ANP para o Estado. Há outros custos na planilha das empresas, além de tributos, que formam o preço final para o consumidor.
Mas será que sobe mais na refinaria? O preço do petróleo ainda está em alta no exterior, com a redução de produção. Aliás, teve a maior elevação trimestral desde 2009. Há divergência entre especialistas sobre a tendência de preços. No entanto, o banco norte-americano Goldman Sachs divulgou há semanas projeção apontando que os preços do Brent passarão dos US$ 70 por barril no curto prazo. Já está quase lá.
Sobre a perspectiva para o petróleo, o sócio-diretor da consultoria petroquímica João Luiz Zuñeda pondera que já pressões opostas. Os preços da gasolina nos Estados Unidos tendem a sofrer uma pressão de alta, pois entrarão no verão, quando consomem mais combustível. Ao mesmo tempo, o país está produzindo mais petróleo.
— Como o real se desvalorizou aqui no Brasil em relação ao dólar e a tem um viés de alta nos Estados Unidos, o preço paridade de importação (PPI) deve estar aumentando. Isso faz com que o refino e as distribuidoras aumentem. O viés é de alta aqui também — conclui o empresário.
Países produtores de petróleo, no entanto, estão reduzindo a fabricação exatamente para segurar os preços em alta. Ao mesmo tempo, há receio de queda de consumo com a desaceleração de economias importantes, como a China.
Além disso, o preço usado para cálculo do ICMS da gasolina terá alta novamente no Rio Grande do Sul. Já subiu de R$ 4,35 para R$ 4,43 no início da semana. Como o combustível segue aumentando nos postos, isso se refletirá na pesquisa da Receita Estadual, provocando elevação em cascata de preços.