Lojistas do Rio Grande do Sul tiveram um novembro de crescimento das vendas, assim como a média nacional da pesquisa do IBGE. Foi o mês da Black Friday, liquidação criada nos Estados Unidos que ganhou espaço significativo no calendário do varejo e do consumidor aqui no Brasil.
Na comparação com outubro, o volume de vendas do comércio cresceu 1,4% aqui no Estado interrompendo dois meses de queda. A pesquisa foi divulgada pelo IBGE nesta terça-feira (15) e o dado refere-se ao varejo restrito. A instituição mede ainda o que chama de "ampliado", que inclui materiais de construção e veículos.
Mas o economista-chefe da CDL Porto Alegre, Oscar Frank, ressalta que o sucesso da edição de 2018 da Black Friday pode ser medido usando a comparação com novembro de 2017, que apresentou um avanço de 4,7% nas vendas do varejo gaúcho. Mesmo que o dado do mês inclua vendas fora do período da liquidação. Ainda assim, sinaliza que superou a Black Friday do ano anterior.
— A liquidação puxou o mês para cima. Setores mais sensíveis às promoções cresceram acima da média. É o caso de "Outros artigos de uso pessoal e doméstico", que inclui lojas de departamento, brinquedos, óticas e joalherias, que vendeu 8,2% mais. Destaque também para os eletrodomésticos, com avanço de 5,9% — exemplifica Frank.
Com o crescimento, o Rio Grande do Sul fica apenas 0,2% abaixo do pico da série histórica de vendas, registrado em agosto de 2018. A comparação é enfatizada pelo economista da CDL:
— É um nível praticamente semelhante ao registrado antes da acentuação da crise, a partir de 2015. Devemos, no entanto, observar que a mudança metodológica na pesquisa em 2017 tornou as comparações menos robustas à realidade. Além disso, vale lembrar que a pesquisa considera apenas estabelecimentos com 20 funcionários ou mais.
Será que passa o Natal?
Cada vez mais, lojistas relatam antecipação de vendas de Natal ainda durante a Black Friday. E vai além, consumidores adiam as compras que seriam feitas nos meses anteriores. O economista Oscar Frank, no entanto, acha que está longe de a liquidação se tornar a principal data de vendas do ano, tirando o posto do Papai Noel.
— Se pegamos a série sem ajuste, vemos que as vendas saltam em dezembro em comparação com os demais meses do ano. Em média, crescem de 30% a 35%. Natal mais 13º salário é uma combinação infalível — conclui Frank.