Quem são e o que querem as pessoas com mais de 60 anos? É preciso entender este público que só cresce, mas não se sente compreendido. O programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha) teve acesso à extensa pesquisa feita com 2 mil pessoas em dez capitais pela empresa gaúcha Vitamina Pesquisas. Foram ouvidas pessoas de 60 e 75 anos. O trabalho foi chamado de "60+ - Um estudo sobre a invisibilidade social".
- Meu primeiro "tapa na cara" foi ouvir de uma entrevistada que ela tinha 72 anos e era cuidadora de idosos. Foi quando vi o quanto a concepção está errada - lembra Luciana Morais, sócia da Vitamina Pesquisas.
Foram identificados estereótipos que os idosos dizem enfrentar: debilitado, infantilizado, dessexualizado, sábio e super idoso - para Luciana, devem ser quebrados. Mas o pior é o preconceito, que a pesquisa chamou de "idadismo". É a atitude discriminatória em relação à idade:
Em Porto Alegre,
49,2% dizem que já perceberam alguém tentando passar pra trás/dar um golpe
43,3% dizem que já foram chamados de velho
32,6% dizem que já perceberam alguém impaciente
21,8% dizem que se sentem velhos demais para algumas coisas
Melhor idade para quem?
Os entrevistados também foram questionados sobre que nome melhor representa as pessoas acima de 60 anos. Em Porto Alegre, a resposta mais citada foi "maturidade ativa", escolhida por 32%.
- E foi identificado que "melhor idade" é uma falácia. Eles diziam: "eu não estou na melhor idade. Tenho limitações." Ou seja, é um termo que temos de riscar do repertório - comenta Luciana.
Perfis
A pesquisa 60+ identificou quatro perfis comportamentais:
Indiferentes: Encaram os 60 anos como uma idade como outra qualquer. Sentem-se jovens e ativos. A percepção é maior entre as Classes A e B. A Classe C sente mais os sinais da idade, pois tem menos acesso à assistência de saúde e maior carga de trabalho, por exemplo.
Livres: A transição para os 60 anos é um passaporte para a liberdade. Aprenderam a dizer "não", valorizam o tempo para si e também se sentem à vontade para opinar.
Entusiastas: A transição é um início de um ciclo cheio de novas expectativas, mas são a minoria. São os que se identificam com a nomenclatura "melhor idade".
Resistentes: São os que mais enfrentam dificuldades e têm risco maior de depressão. Há resistência em aceitar transformações. Reconhecem a idade cronológica, mas são muito saudosistas ao lembrar da juventude idealizada.
Mais curiosidades de Porto Alegre:
41% mencionam ter boa disposição
72% concordam que se sentem mais jovens do que a sua idade real
10% acham que estão vivendo uma fase ruim da vida
- Os 60+ porto alegrenses são mais resistentes ao uso de filas preferenciais. Seja porque não querem ou não se sentem idosos, ou também porque as consideram falhas - conta a sócia da Vitamina Pesquisas.
Ouça a entrevista completa de Luciana Morais ao programa Acerto de Contas (domingos, às 6h, na Rádio Gaúcha):