Fabricante de peças automotivas, a Keko Acessórios pediu recuperação judicial. Um comunicado foi enviado a fornecedores nessa quarta-feira (11). A empresa nasceu em Caxias do Sul há 32 anos, mas transferiu a sede para Flores da Cunha em 2011.
No comunicado, a empresa informa que os quatro últimos anos de crise econômica e a retração do mercado automotivo tiveram impacto direto nos negócios da Keko. Lembrou que a nova fábrica, em Flores da Cunha, recebeu investimentos altos e financiados.
No texto, a recuperação judicial é considerada como estratégia. O mecanismo substituiu a antiga concordata. O objetivo é dar um fôlego para a empresa retomar operações e não ir à falência.
Pelo trâmite de qualquer recuperação judicial, a companhia faz o pedido, que precisa ser aprovado pela Justiça. Depois disso, elabora um plano de recuperação judicial, que precisa ser aprovado pelos credores e então homologado pela Justiça para ser executado.
Ainda conforme a Keko, a empresa tentou renegociar o passivo com bancos, mas as dívidas estavam inviabilizando a gestão do caixa e pagamento de credores. Informa que a fabricante de autopeças emprega atualmente 420 pessoas.
"Apesar do endividamento financeiro, a empresa mantém a operação estável, está preparada para crescer, vem mantendo o faturamento estabilizado desde 2015, possui uma base sólida de clientes e uma carteira de pedidos em crescimento – além de atender o aftermaket, é fornecedora homologada de 12 montadoras e exporta para 42 países." - diz a nota enviada para a imprensa.
A dívida da Keko soma R$ 75 milhões. A maior parte tem bancos como credores, segundo o diretor-presidente, Leandro Mantovani. O plano de recuperação será apresentado dentro do prazo de 60 dias.
- Dos credores, 80% são os cerca de dez bancos contratados pela empresa. Ao todo, são cerca de 400 credores - detalha o executivo.
O presidente destaca que o faturamento da empresa em 2017 foi de R$ 167 milhões e a empresa tem previsão de fechar o ano com R$ 150 milhões, que é a média dos últimos anos. Diz que o faturamento e a carteira de clientes se mantêm em bons patamares.
Quando a empresa inaugurou a nova unidade em Flores da Cunha, investiu R$ 50 milhões e seguiu aplicando recursos. Na época, previa crescimento de 20% ao ano, o que não se concretizou a partir de 2015 com a crise do setor automotivo. O principal mercado atendido pela Keko é o de picapes e SUVs.
- Foi um projeto ousado, assim como de outras montadoras da época naquele momento em que o mercado estava aquecido - admitiu Mantovani.
O empresário acrescenta que o objetivo do plano é ganhar tempo para renegociar as dívidas e evitar demissões. Leandro Mantovani destaca que a empresa já chegou a ter 500 trabalhadores no auge da produção. No pior da crise, o número caiu para 330 funcionários. Agora, são 420.