Ao contrário do senso comum, inovação nem sempre precisa de tecnologia. Exige sim é criatividade, foco e, principalmente, definição de propósitos. Doutora em Tecnologia da Informação, Regiane Relva Romano vai além ao dizer que nem dinheiro é essencial.
- Para sair da casinha, não precisa de dinheiro. Precisa de cérebro.
Regiane é presidente da VIP-Systems e desenvolve o que o varejo chama de "loja inteligente". Após a palestra na Feira Brasileira do Varejo, em Porto Alegre, conversou com a coluna Acerto de Contas sobre o rumo do setor e a avalanche de informações que assediam os consumidores. Empresas devem ter cuidado com o uso de dados dos clientes, mas reforça que as pessoas não podem disponibilizar tanta informação.
- O consumidor não pode deixar sua vida como um livro escancarado. Vendem a sua alma. Dizem que não vendem as suas informações, mas sabemos que vendem sim.
Dê um exemplo de inovação sem precisar de dinheiro?
Uma loja nos Estados Unidos colocou um sofá como estacionamento de maridos. Atrás, ficavam os provadores. Na frente, uma passarela. Quando a cliente subia na passarela, um sensor ativava câmeras que produziam fotos e vídeos que eram colocados nas redes sociais. Pega um celular, pede para sua cliente provar a roupa, grave um vídeo, peça autorização e publique. Não gasta nada. Precisamos aprender a sair da casinha de forma simples, que é muito mais difícil que o complexo.
O que veremos nas lojas em breve?
Câmeras, que eram usadas apenas para segurança, vão começar a observar o comportamento do consumidor. A ideia do novo varejo é personalizar em tempo real a experiência do consumidor, que é cada dia mais assediado. A tecnologia vai buscar dados no comportamento dentro da loja e nas redes sociais do cliente. O varejo tem que dar o produto certo, no momento certo, pelo melhor preço possível e sem barreiras.
Quais são as barreiras?
Quando o consumidor chega e precisa ser atendido por alguém porque não consegue achar o produto. O celular avisará quando chegar próximo da prateleira onde está o produto. Quando você tiver um queijo no carrinho, o sistema oferece um vinho. Outro problema são as filas. Ninguém gosta. O caixa estático tende a desaparecer.
Como ficam os funcionários das lojas?
O novo funcionário dará consultoria e não mais ficar parado esperando. Terá que reaprender a experiência do consumidor. Precisa levar ao cliente mais conhecimento e interatividade, com serviços personalizados.
Com tantos dados do consumidor, como não ultrapassar o limite e ser invasivo?
Ter em mente que os dados são do cliente e não da empresa. A Europa lançou uma política muito dura para proteger os dados do consumidor e que deve chegar aqui. As pessoas também precisam parar de disponibilizar tanta informação. Redes sociais são um perigo. Todas as informações, vídeos e fotos ficam marcados e são vendidos para a cadeia de suprimento. As pessoas não podem deixar suas vidas como livros escancarados.
Ouça entrevista de Regiane Romano ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha: