Há muito receio quanto à amamentação de uma criança durante a gravidez de outra. Mas isso é possível. Assim como amamentar depois, ao mesmo tempo, as duas crianças de idades diferentes, chamada de tandem.
Pedimos um depoimento para uma parceira do blog Lado Natureba em vários posts. Ela é mãe do Benjamin, com pouquinho mais de dois anos, e do Benício, que fez dez dias de vida. É a nutricionista infantil Fabíola Frezza Andriola:
“A amamentação tandem tem sido surpreendente, emocionante, sem explicação… Há vários desafios. Mas a gente vai superando.
O Benjamin está aceitando. Mas toda vez que ele vê o mano mamar, ele pede.
Tudo começou com o planejamento da gravidez. Eu e o pai não queríamos desmamar o Benjamin. Então, só engravidei quando tive segurança que poderia seguir amamentando durante a gravidez.
No início, foi difícil pela sensibilidade no bico do seio. Às vezes, eu via estrelinhas…
Por volta do sexto mês de gestação, por questão hormonal, cai a produção de leite. A gente percebe porque nem ouve a deglutição da criança que suga.
Mas eu levava e o Benjamin continuava mamando. Com isso, ele satisfazia a necessidade de sucção e ficou com mais apetite por outros alimentos.
No fim da gestação, veio o colostro. Isso mudou questões de intestino no Benjamin. Alguns bebês passam a recusar o leite materno pelo sabor, que é diferente por ter outros nutrientes.
Muita gente perguntava o risco de parto. A amamentação libera a oxitocina e dizem que isso poderia desencadear o trabalho de parto. Mas o que desencadeia o trabalho de parto é o bebê. Então, amamentar não provoca isso. Exceto quando a gravidez é de alto risco.
Ou então perguntavam: como tu consegue mamar com o barrigão? Os bebês acham as posições mais malucas para serem amamentados. Então, isso não foi problema.
Claro que amamentar gasta energia. A gente fica mais cansada. Mas são desafios que a gente supera, pensando no benefício.
Benjamin já fez dois anos, o mínimo indicado de amamentação. Mas eu não queria desmamá-lo principalmente pela questão do vínculo. Queria que este vínculo entre bebê e mãe ocorresse também entre os irmãos. E eu tenho percebido isso.
Estou muito feliz de ter chegado até aqui!”
Veja o que diz documento da Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica, do Ministério da Saúde:
“1.10.1 Nova gravidez
É possível manter a amamentação em uma nova gravidez se for o desejo da mulher e se a gravidez for normal. Contudo, não é raro as crianças interromperem a amamentação espontaneamente quando a mãe engravida. O desmame pode ocorrer pela diminuição da produção de leite, alteração no gosto do leite (mais salgado, por maior conteúdo de sódio e cloreto), perda do espaço destinado ao colo com o avanço da gravidez ou aumento da sensibilidade dos mamilos durante a gravidez. Na ameaça de parto prematuro é indicado interromper a lactação.
Se a mãe optar por continuar amamentando o filho mais velho após o nascimento do bebê, é importante orientá-la que ela deve dar prioridade à criança mais nova no que diz respeito à amamentação.”