Há uma máxima segundo a qual as sociedades aprendem com a história a nunca repetir as grandes tragédias. Para quem cresceu sob a sombra de um passado familiar de perseguição na Europa, como qualquer descendente de judeus, essa máxima é uma segurança à qual nos agarramos com esperança. Mas o desejo de que as tragédias não se repitam é extensivo a qualquer episódio traumático da história, como a escravidão ou a ditadura.
A sucessão de episódios dos últimos anos, entretanto, é um momento de crise geopolítica que faz ruir aquela certeza. A crescente desigualdade social e a falta de oportunidades, a descrença na democracia e a falta de representatividade da população em relação ao poder, a ascensão de políticos populistas, o desvergonhamento de grupos intolerantes e o acirramento dos ânimos nas sociedades são maus sinais para os próximos tempos.
Esse cenário conta ainda com um elemento novo: parte significativa do acesso das pessoas ao mundo se dá por meio de redes sociais que são, ao mesmo tempo, uma arena pública internacional (qualquer pessoa com acesso à internet pode, em tese, participar) e uma esfera privada (controlada por empresas), cujo algoritmo é um mistério. Seu poder é sem precedentes.
Chama a atenção, no cenário nacional, o descolamento das aspirações da população em relação às representações políticas. Boa parte dos brasileiros não deseja se envolver no Gre-Nal da política institucional. É possível que os votos nulos continuem significativos. O mercado está otimista, mas a sociedade não.
No plano internacional, a consultoria Eurasia acredita que 2018 pode ser o ano de uma grande e inesperada crise. O mundo está mais próximo de uma depressão do que de um retorno à estabilidade, diz a Eurasia.
Para que possamos voltar a acreditar na nossa capacidade de aprender com a história, precisamos de razão e sensibilidade.