Após meses de estudos, avaliações e discussões, a Fifa anunciou nesta quarta-feira (25), mudanças importantes no mercado de transferências e de relação dos clubes com empresários. Um grupo de trabalho, o Football Stakeholders Committee, tratou destas questões.
A entidade coloca um limite para as comissões pagas pelos clubes. A partir de agora, o percentual máximo será de 10% da taxa de transferência para empresários de clubes vendedores. Agentes de jogadores e de clubes contratantes ficam com 3% da remuneração do jogador, com todas as comissões pagas por meio da Câmara de Compensação da Fifa.
O objetivo é criar uma regra, com um padrão de pagamento, tentando diminuir a figura do "super empresário". Além disso, será criado um sistema de licenciamento obrigatório para agentes e um sistema de resolução da Fifa para tentar solucionar disputas entre clubes, jogadores e agentes.
Outro ponto importante é a limitação de empréstimos internacionais de jogadores com 22 anos ou mais. A partir da temporada 2020/2021, o limite será de oito empréstimos de entrada e saída. A partir de 2022/2023, o limite será de seis empréstimos, com um máximo de três entre os mesmos clubes.
Aqui, o objetivo é impedir o acúmulo de jogadores nos gigantes europeus, garantindo que os empréstimos tenham finalidade esportiva, visando o desenvolvimento do jogador.
Já vimos clubes da Europa com muito dinheiro acumulando reforços de jogadores jovens, mesmo que eles não sejam utilizados. O clube contrata e depois empresta para outra equipe menor, tendo a garantia que tem em seu controle várias revelações. Um exemplo clássico é o lateral Rogério, destaque na base do Inter. Com passagem pela seleção brasileira nas categorias inferiores, foi contratado pela Juventus-ITA, que o repassou por empréstimo para o Sassuolo-ITA.
O impacto disso para Grêmio, Inter e demais clubes brasileiros, é que os grandes europeus deverão diminuir a busca por este tipo de jogador. Com o limite imposto pela Fifa, será preciso contratar apenas atletas que realmente terão aproveitamento imediato.
Ainda não ficou claro se o limite de empréstimos vale somente para o futebol europeu, para acabar com a "reserva de mercado" de clubes como PSG e Manchester City (que estão na mira da Fifa por conta dos investimentos externos), ou se terá validade também em outros países. Se a medida for aplicada no Brasil, será um problema para Grêmio e Inter, que emprestam muitos jogadores que não são aproveitados no grupo principal.
Além disso, será criada uma Câmara de Compensação, que garantirá o pagamento de contribuições de solidariedade, algo que interessa para a dupla Gre-Nal, que algumas vezes tem dificuldades para receber pagamentos de jogadores revelados aqui.