Para acompanhar todo o conteúdo de GaúchaZH, acesse aqui e assine por apenas R$ 4,90/mês nos primeiros seis meses.
Sobram títulos no currículo de José Mourinho. Como técnico de clubes, faturou os principais troféus do planeta, incluindo a Liga dos Campeões (por Porto e Inter de Milão) e Liga Europa (pelo Manchester United). Pelo Chelsea, foram três conquistas do campeonato inglês. Pelo Real Madrid, ganhou o espanhol. A sua competência é reconhecida no mundo todo, assim como o estilo polêmico, de posições firmes com jogadores e imprensa.
O que pouca gente sabe é que esta história de títulos e passagem pelos principais clubes do mundo inclui uma visita ao Rio Grande do Sul, onde Mourinho sentou nas cadeiras do Beira-Rio para ver um Gre-Nal, e esteve no Alfredo Jaconi para conferir um Ca-Ju.
A história é longa. Começa em 2000, antes da fama mundial, quando foi demitido do Benfica. Ficou um tempo desempregado e, no dia 16 de abril de 2001, foi apresentado como técnico do pequeno União de Leiria. Como a estreia seria apenas em julho, ele decidiu fazer uma jogada ousada. Veio ao Brasil para observar jogadores e montar o seu novo grupo de trabalho. Acompanhado pelo empresário Baidek, Mourinho percorreu o país em busca de atletas.
Baidek, gaúcho de Barão de Cotegipe, zagueiro campeão mundial pelo Grêmio, teve passagem com destaque por Portugal. Virou empresário, com escritório em Lisboa, por isso a boa relação com Mourinho.
No início de maio de 2001, Mourinho e Baidek desembarcaram no Rio Grande do Sul. O primeiro jogo que os dois observaram foi o clássico Ca-Ju, no dia 12 maio, no Estádio Alfredo Jaconi. O Juventude, que venceu por 1 a 0, tinha como destaques o volante Fernando e o atacante Dauri. A partida foi apitada por Carlos Simon.
No dia seguinte, Mourinho estava acomodado em uma das cadeiras do Beira-Rio, para ver o Gre-Nal, que terminou empatado em 0 a 0. O Inter, treinado por Claudio Duarte, teve a seguinte escalação: Hiran, Denílson, Ronaldo, Duílio e Dênis; Marcelo, William, Juca e Lê; Fábio Pinto e Luiz Cláudio. O Grêmio, comandado por Tite, jogou com Danrlei, Mauro Galvão, Polga e Marinho; Itaqui, Eduardo Costa, Tinga, Zinho e Rubens Cardoso; Rodrigo Mendes e Marcelinho Paraíba.
Mas a passagem pelo Estado não se resumiu apenas aos clássicos. Em Canoas, Mourinho disputou uma animada partida de futebol sete. Ao lado de Baidek, teve bom desempenho na linha. Depois do jogo, participou do churrasco de confraternização. Em Porto Alegre, o técnico também comeu churrasco no Barranco e fez uma incursão noturna no Dado Bier.
Neste período de observação, decidiu contratar dois jogadores: Maciel, que estava no Bangu, e Rafael Jaques, ex-Grêmio, que na época estava se transferindo do Sport para o Brasiliense. Hoje técnico do São José, fazendo grande campanha na Série C, Jaques lembra até hoje do contato:
— O Mourinho já tinha me observado quando ele era auxiliar do Barcelona e eu jogava no Betis. Naquele ano, quando esteve no Brasil, me ligou. Falamos pelo telefone e na hora aceitei o convite. Ele realmente esteve aqui e observou muitos jogadores. Foi fantástico, é um técnico espetacular e uma grande pessoa.
De volta a Portugal, Mourinho teve um bom início no União Leiria. O grupo também contava o zagueiro Éder Gaúcho, ex-Grêmio, e Derlei, que formava o trio ofensivo de brasileiros com Jaques e Maciel.
Em 20 jogos, foram nove vitórias, sete empates e quatro derrotas. Em janeiro de 2002, um pouco depois da metade do campeonato, seu time estava em terceiro lugar, uma ótima posição para uma equipe pequena. Exatamente neste momento, recebeu uma proposta para ser o técnico do Porto.
— Ele reuniu o grupo no vestiário e explicou que não poderia recusar um convite como aquele. Metade do grupo começou a chorar. Além de grande técnico, é uma grande pessoa — lembra Jaques.
No Porto, Mourinho ganhou o mundo. Foi campeão da Liga dos Campeões em 2004 e, no mesmo ano, foi para o Chelsea, seguindo a sua trajetória de sucesso.
Após as passagens por Internazionale, Real Madrid, Chelsea novamente, e Manchester United, ele agora está no mercado aguardando novas propostas. Mas com um grande carinho pelo Brasil. Mourinho seguidamente passa férias com a família em resorts na Bahia e Pernambuco. E tem no seu currículo Gre-Nal e Ca-Ju.
