O anúncio oficial de que o River Plate vai jogar a final da Libertadores veio só às 20h50min de sábado (3), mas o circo armado pela Conmebol começou bem antes. O sinal mais claro veio na noite de quinta-feira (1º), quando às 20h20min, e por e-mail, um funcionário da entidade avisou os dirigentes do Grêmio que o julgamento estava antecipado de sábado, às 13h30min, para sexta-feira, às 11h, praticamente sem tempo de os advogados irem ao Paraguai. Eles conseguiram chegar, mas naquele momento o cenário já estava desenhado.
Parece inacreditável, mas quando o aviso da antecipação chegou a Porto Alegre, os advogados do River já estavam deixando Assunção. E com tudo resolvido. Com a promessa da alta cúpula da Conmebol de que o time não seria retirado da decisão da Libertadores.
Na sexta-feira (2), os principais representantes do departamento jurídico do clube argentino já estavam em Buenos Aires. E mais do que isso, comemorando o resultado do julgamento que estava em andamento. Eles sabiam inclusive de que a pena de Marcelo Gallardo seria branda. Até por isso, ficaram no Paraguai apenas advogados auxiliares.
Durante toda a sexta-feira, os assessores próximos ao presidente Rodolfo D'Onofrio deixavam propositalmente vazar aos jornalistas argentinos a informação de que o resultado de campo seria mantido. O mandatário do River Plate tinha a garantia dos mais importantes dirigentes da Conmebol. Por isso, estava absolutamente tranquilo. E também por isso, renomados repórteres setoristas do River passaram o dia cravando a informação de que o recurso do Grêmio seria negado.
O julgamento era puro jogo de cena do desmoralizado Tribunal de Disciplina da Conmebol. E mais do que isso, a espera de 31 horas pela divulgação do resultado foi um verdadeiro desrespeito ao futebol sul-americano. Menos para os dirigentes do River Plate, que passaram esse tempo todo tranquilos e preparando a organização da final contra o Boca Juniors.
Fará muito bem o presidente Romildo Bolzan ao pedir a retirada da sua assinatura no termo de compromisso pelo fair play, proposto pela Conmebol antes das semifinais, e assumido pelos presidentes de Grêmio, River, Boca e Palmeiras. De jogo limpo, esta Libertadores não tem nada.