Já falei sobre isso aqui mesmo, e não pretendia me repetir – só que caiu justo em data redonda. Entrei em Zero Hora num dia 9 de agosto. Foi em 1976: há 516 meses, ou 16 mil dias atrás. Tinha 18 anos recém feitos – mas já me sentia retardado. “Rimbaud produziu o cerne de sua obra dos 13 aos 17...”, ruminei com meus botões. “E calou a pena aos 21”. Eu achava, portanto, que estava cinco anos atrasado, e que só me restavam três para deixar minha marca na história do jornalismo e, é claro, da literatura. Embora o tempo urgisse, resolvi ir a pé – do Moinhos à Azenha, de uma moenda à outra, ambas tão extintas quanto o trigo que os açorianos plantavam (embora em geral só comessem o pão que o diabo amassou).
Reminiscências
Não pude ir ao enterro da censura, nem dos censores
Entrei em Zero Hora num dia 9 de agosto. Tinha 18 anos recém-feitos – mas já me sentia retardado
Eduardo Bueno