Mulheres grávidas correm risco maior de apresentar quadros graves de covid. Felizmente, seus bebês dificilmente ficam doentes ou desenvolvem quadros de insuficiência respiratória.
Amostras colhidas da placenta, do cordão umbilical e do sangue materno mostram que o coronavírus raramente se transmite para o feto. Alguns dados preliminares, no entanto, revelaram que o vírus pode provocar pequenas alterações placentárias, de significado incerto.
No decorrer da gravidez normal, o consumo de oxigênio aumenta por duas razões principais: 1) o crescimento do útero empurra o diafragma e reduz o volume ocupado pelos pulmões; 2) o oxigênio inspirado precisa ser dividido entre a mãe e o feto.
Gestantes que receberam o diagnóstico de covid apresentaram risco de ir parar na UTI 62% mais alto.
Por essa razão, gripe na gravidez aumenta a probabilidade de complicações respiratórias, hospitalizações, parto prematuro e morte fetal, como ficou demonstrado na epidemia de H1N1 (gripe suína), ocorrida em 2010.
Em setembro do ano passado, foi publicada uma revisão de 77 estudos (metanálise) realizados com gestantes hospitalizadas, por diversos problemas de saúde. As que receberam o diagnóstico de covid apresentaram risco de ir parar na UTI 62% mais alto. Entre elas, a probabilidade de intubação e ventilação mecânica foi 88% maior.
Esses resultados foram confirmados pelo Centers for Diseases Control, dos Estados Unidos, num levantamento realizado entre 400 mil mulheres com teste positivo para covid, das quais cerca de 23 mil estavam grávidas.
A relação entre covid e parto prematuro foi avaliada em 4 mil mulheres, num estudo conjunto realizado nos Estados Unidos e no Reino Unido. Cerca de 12% das inglesas deram à luz antes de completar 37 semanas de gestação, número que nos Estados Unidos chegou a 15,7%. As porcentagens esperadas de prematuridade nesses dois países são de 7,5% e 10%, respectivamente.
A infecção pelo coronavírus na gestação chega a aumentar três vezes o risco de parto prematuro. A maioria dos casos ocorre em mulheres infectadas no último trimestre, quando o feto tem boas chances de sobrevivência.
Um estudo comparou 179 bebês nascidos de mães com covid, com 84 filhos de mães com teste negativo. Até os dois meses de vida, não houve diferenças no grau de desenvolvimento. Não está claro o papel protetor dos anticorpos que o feto recebe passivamente da mãe.
Esses dados servem de base para a inclusão das gestantes nos grupos prioritários para vacinação. No entanto, como os estudos conduzidos para comprovar a eficácia das várias preparações não incluíram gestantes, faltam dados para definir a melhor estratégia.
Apesar dessa restrição, a maioria dos infectologistas recomenda a vacinação, uma vez que a covid pode provocar danos muito mais graves, do que os improváveis efeitos colaterais das vacinas existentes. Mais de 20 mil mulheres já receberam as vacinas Pfizer e Moderna; até agora, não apareceram eventos indesejáveis nas que engravidaram ou estavam grávidas.