Felipe Fernandes de Lima. Anote este nome! Surge um árbitro promissor para o cenário nacional. Apostar em juiz de futebol é algo difícil e arriscado. Por isso, antes de continuar com os meus argumentos, quero reforçar que essa análise tem como base as virtudes apresentadas por ele no jogo entre Grêmio e Chapecoense. Até porque o desempenho de um árbitro não se esgota meramente em uma tentativa desesperada de caçar erros cometidos. Então, só continue a leitura deste texto se você realmente está disposto a ver uma avaliação mais ampla, que proponho a seguir.
Felipe atua pela Federação Mineira de Futebol, tem somente 32 anos e faz parte do quadro da CBF desde 2017. A partida entre Grêmio e Chapecoense foi a primeira dele na Série A do Brasileirão. Até então, ele só havia atuado na Primeira Divisão como juiz reserva ou árbitro assistente adicional. Com apito tinham sido só jogos em competições inferiores. É claro que houve erros nessa estreia, mas ele também mostrou virtudes que um árbitro precisa ter.
Além do bom condicionamento físico e posicionamento de bastante preventivo, que é quando os deslocamentos do juiz visam ler e antecipar alguns movimentos do jogo, Felipe Fernandes de Lima tem personalidade. A partida foi imprevisível, com alternância de placar, jogadas rápidas e faltas intensas. Ele conseguiu se comportar muito bem diante das dificuldades e demonstrou capacidade de exercer autoridade diante dos atletas. Controlou o jogo até com certa naturalidade. Mostrou amarelos por reclamação, mas não se escondeu atrás dos cartões. Também não abusou na marcação de faltas. Foram 33 no total, bem perto da média do campeonato.
O jovem juiz esteve perto de passar limpo pelo jogo, sem erros importantes. Só que isso não foi possível porque marcou pênalti inexistente sobre Kannemann no final. Há duas ressalvas necessárias nessa decisão. A primeira delas é que ficou a impressão clara de que a infração foi indicada pelo bandeira, pois o árbitro chegou a mandar o jogo seguir e só alguns segundos depois apitou. Isso não diminui o erro, mas faz com que o peso do equívoco do campo precise ser dividido. A outra ressalva é que, com o auxílio do VAR, o erro foi evitado. O pênalti foi desmarcado e não houve injustiça no placar.
O outro erro de Felipe Fernandes Lima foi elementar. Ele deu tempo de acréscimo menor do que o período perdido com o uso do árbitro de vídeo. Foram dois minutos para o VAR, mas ele adicionou só um. Esse é um equívoco básico que não pode ocorrer, especialmente por se tratar de uma fase de implementação de um recurso novo e que está gerando tanta polêmica. É preciso ter mais atenção nas próximas oportunidades.
É claro que foi só o primeiro jogo de Série A. Há muito chão pela frente para Felipe Fernandes de Lima. Que fique claro que não estou dizendo que ele será um nome certo para o quadro da Fifa no futuro. Estou apostando apenas que é um árbitro promissor e que, se confirmar as virtudes apresentadas até aqui, tem um bom futuro pela frente.