A boa vitória sobre a LDU — praticamente garantindo vaga nas quartas da Copa Sul-Americana, graças também ao gol qualificado, 1 a 0 na altitude de Quito — foi um cartão de visitas de Felipão. Sabe aquele Grêmio do melhor período de Renato, com muita posse de bola, passes e finalizações? Esqueça. Agora é linha de cinco atrás, três adiante dela, e Jean Pyerre e Diego Souza com menos atribuições defensivas. Reação, contra-ataque, segunda bola e jogo aéreo, como no gol de Léo Pereira, cruzamento de Jean Pyerre.
O goleiro Chapecó, sempre que possível, aproveitava para ficar no chão e ganhar tempo. Um Grêmio no modo Felipão — que chegou a ver o adversário terminar a partida com a bola nos pés em 76% do tempo —, sem jamais abrir mão da sua estratégia, inclusive sem medo de dar chutão para o mato. Pelo menos em um primeiro momento, emergencialmente, será assim. E talvez continue sendo depois, imagino.
Tudo bem que a LDU está em pré-temporada e sem ritmo. Não dá para achar que agora o caminho será de rosas. Mas o Grêmio vinha apanhando de quem surgisse pela frente. E, além do mas, a partida foi na altitude.
A ausência de Douglas Costa, quem diria, ajudou. Sem condições de competir, ele deu lugar a Léo Pereira (direita), deixando o lado esquerdo para Alisson (esquerda). Os dois foram muito disciplinados para defender. Tirando o cabeceio de Léo Pereira, o jovem ponteiro foi quase um lateral defensivo a ajudar Cortez. Alisson idem, auxiliando Vanderson. Com Douglas isso era impossível, dada a sua condição física atual. Liberado para o casamento, não enfrentará o Fluminense, no sábado (17). Pelo que se viu nesta terça-feira (13), não fará falta. Foi só ele sair do time e a vitória nasceu após longo período.
No meio, Lucas Silva (afundando entre os zagueiros para formar a linha de cinco atrás) e Fernando Henrique postados. Desobrigado de maiores funções defensivas, Jean Pyerre decidiu. Numa das três finalizações do Grêmio, contra 18 da LDU, ele deu o passe com estilo para Léo Pereira definir o 1 a 0, a 19 minutos do primeiro tempo. A partir daí, o Grêmio virou um casulo, hermeticamente fechado. Chapecó, novamente, pegou tudo.
De agora em diante, será assim: fechadinho, com aquele sofrimento do passado, apostando tudo no contra-ataque. É assim — muito diferente do Grêmio de Renato, que sempre tentava reencontrar o futebol de toque de bola, mesmo nos piores momentos —, que o Grêmio de Felipão lutará para deixar a lanterna e a zona de rebaixamento do Brasileirão. O primeiro passo — que era voltar a vencer, de novo sem tomar gol, como no Gre-Nal —, foi dado em Quito.