Diego Aguirre está de volta ao Inter. O uruguaio levou o time ao título gaúcho e foi até a semifinal da Libertadores em 2015. Foi demitido em 10º lugar no Brasileirão, após tropeçar contra Chapecoense e Ponte Preta. Apesar de alguns bons objetivos, ele nunca foi unanimidade. O Inter oscilava e tomava muitos gols. Tinha uma equipe bem melhor do que a de agora: o goleiro Alisson, Nilmar, Lisandro López, D’Alessandro, Aránguiz, Alex, Sasha. Como será agora, sem reforços?
O fato é que o Inter escolheu o estrangeiro mais brasileiro possível. Além de ter jogado no time na década de 1980, após a experiência como treinador no Beira-Rio, trabalhou no Atlético-MG (2016) e São Paulo (2018). Não ganhou nada nestes dois clubes, mas se tornou o estrangeiro com mais chances seguidas no Brasil. A direção apostou numa solução intermediária entre um europeu, como o espanhol Ramírez ou o português Marco Silva, e um profissional brasileiro.
Assim, consegue manter o discurso de campanha, de futebol ofensivo, fugindo das soluções tradicionais. Aguirre é menos radical em termos de conceito de futebol. Não tem vergonha de se defender se for preciso. Não precisará ser apresentado ao mundo real do calendário brasileiro, pois a disputou por três temporadas em três potências distintas do nosso futebol. Muito técnico brasileiro jamais terá esse currículo. Pela relação específica com o Inter, não é um corpo estranho.
Em 2015, após ver que algumas contratações deram errado, ele apostou na base: Dourado, o lateral William, Valdivia, Sasha, Geferson. Ou seja, também fica mantido o discurso de buscar alguém comprometido a aproveitar os talentos caseiros em razão da crise financeira. O problema central segue o mesmo: a preparação física. No Morumbi e no Galo, assim como na reta final da Libertadores pelo Inter, o rendimento caía no segundo tempo. Foi assim na semifinal diante do Tigres, no Beira-Rio. Abriu 2 a 0 e foi cedendo terreno até quase ceder o empate.
A volta do mago Paulo Paixão, além de ótimo profissional, é um reforço incrível de vestiário. Ele é pura empatia, com história de vida incrível. Mas a preparação ficará na mão do mesmo profissional de 2015: Fernando Pignatares.
O Inter assume outro risco com Aguirre. Mas é um risco menor do que com Ramírez, porque o uruguaio é o mais brasileiro entre os técnicos estrangeiros no mercado.