É preciso aprender com os fenômenos criados pelas redes sociais. Sim, por que foram elas, as redes, que criaram Cavani no Grêmio. Um jornalista argentino bancou no Twitter, mas quantos postam centenas de informações e certezas diariamente sem repercussão alguma?
Além do mais, já falava nisso bem antes. A partir daí, não importavam mais os fatos em si, como as negativas da direção tricolor e também do estafe do jogador. Por um motivo: a torcida do Grêmio queria alimentar o sonho e se divertir com ele.
Se ele viria ou não passou a ser o de menos. Por isso surgiram tantos indícios esdrúxulos, a partir de fatos improváveis. Cavani se despede do PSG? Há centenas de clubes querendo o uruguaio, mas aquela vírgula era muito clara, puxa vida: era indireta para o Grêmio. Passou a ser uma curtição. E, sobretudo, uma demonstração de força.
A torcida se divertiu à beça, esquecendo até a má fase do campo. Os dirigentes entenderam o fenômeno. Por que não tentar, mesmo que em termos de sondagem, apenas? Foi uma forma respeitosa de legitimar os anseios de milhares de gremistas.
Virou uma peça de marketing involuntária. O Grêmio sacou e tirou proveito. Duvido que tenha alcançado tanta audiência em uma simples live de aniversário, apesar da singularidade da pandemia. É um evento de tendência maçante e de pouco apelo popular. Beirou 100 mil.
A nova camiseta vai vender muito com tamanha publicidade. O nome da instituição foi para os trendings topics. Qual o ganho disso para a marca, ainda mais com tantos problemas no time e na tabela do Brasileirão?
A própria imprensa se aproveitou do fenômeno. Qualquer abordagem que tivesse Cavani no título rendia altíssima audiência. O assunto estava ali, para o bem ou para mal. E o jogador, suponho, ficou “impactado”, como Romildo Bolzan disse ter ouvido de seu agente.
Todos ficaram felizes no dia seguinte ao Cavani’s Day, que não houve apenas no sentido literal. Ao fim e ao cabo, toda essa história de Cavani mostrou a força da torcida do Grêmio, que já antes dos tuítes dos jornalistas bombava a ideia de imaginá-lo com a camiseta do Grêmio, desde quando ele recebeu uma, durante a passagem da Celeste Olímpica pela Arena na Copa América.
Um fenômeno, sem dúvida. Outros virão.