Que eu me lembre, só aconteceu uma vez de perder os dois principais jogadores às vésperas de um jogo decisivo. Foi em 2018, na semifinal da Libertadores contra o River Plate. Lembram? Éverton estava lesionado e Luan tentando voltar de parada. Luan viajou a Buenos Aires e parecia recuperado, mas sentiu no treino da véspera, já na Argentina. Eu estava lá, fazendo a cobertura para ZH, GauchaZH e Rádio Gaúcha.
Comentei o jogo. Com uma estratégia diferente, no 4-1-4-1, Renato escalou quatro volantes: Michel entre as linhas, depois Ramiro, Maicon e Cícero. Alisson foi dublê de Everton, pela esquerda, deixando o lado direito para Ramiro. Na frente, quase sozinho, já que Alisson foi mais marcador do que atacante, Jael. Deu certo naquela partida. O Grêmio venceu por 1 a 0. Mas, na volta, como resquício de longa parada, Everton foi muito menos do que é, inclusive perdendo a bola do jogo, naquela arrancada que Armani defendeu.
Mas tem um detalhe.
Lá, Luan começava a dar aqueles sinais de queda, os mesmos que o tornaram reserva no Grêmio. Aliás, é o que está prestes a acontecer também no Corinthians. E Everton ainda não era o Cebolinha do Brasil, um astro campeão da Copa América. Eles eram os dois melhores, mas Luan menos do que tinha sido e Everton não tanto como seria.
Pois agora, para a final do Gauchão e rodadas importantes no Brasileirão, como a deste domingo contra o líder Vasco, o Grêmio perde Cebolinha (negociado com o Benfica) e Diego Souza, artilheiro do campeonato com a grife dos gols e assistências em Gre-Nal. Nem é preciso dizer o que Everton, depois da confiança recebida na Seleção, representava. Mesmo em suposta má fase, os passes para os gols eram dele. E Diego Souza virou o centroavante clássico: ganha todas pelo alto e, se o goleiro der rebote, ele completa para as redes.
Nunca aconteceu, penso aqui com os meus butiás, antes que eles caiam do bolso, algo assim com o Grêmio antes de uma final na Era Renato, Parte III: perder os dois melhores jogadores às vésperas de uma final. É o ataque inteiro, se pensarmos Alisson como um extrema que se garante na equipe mais pelas virtudes de disciplina tática defensiva do que como goleador. Menos mal, para o Grêmio, que o adversário, o Caxias, está sem jogar há bastante tempo (a Série D começa em setembro) e perdeu jogadores para as Séries A e B desde o fim do segundo turno.
Mas vamos combinar que é um baita prejuízo perder Everton antes de Pepê assumir integralmente o papel de estrela da companhia e o centroavante que vinha empurrando todas para o gol. Ainda mais que, no caso de Diego, não há substituto. Isaque quebrará o galho com o crédito do gol no Gre-Nal, mas não é 9. São desfalques insuficientes para equilibrar a final, em virtude do tamanho do Grêmio e os prejuízos do Caxias, mas pode-se dizer que tira um pouco da ampla vantagem do Tricolor.