O carioca da gema Thiago Jannuzzi, gerente geral de competições do Comitê Organizador Local (COL) da Copa América, já está entrando naquela fase de reduzir as horas de sono. Dia destes, varou a madrugada acompanhando a gravação de um clipe, no Maracanã. Só no escritório do Rio, ele comanda uma equipe de mais de 100 pessoas. Se somar funcionários de cada sede – não há voluntários, como em Copa do Mundo ou Olimpíada –, vai a 500. Faltam apenas duas semanas para a bola rolar.
Haverá transmissão de TV também para Europa, Ásia e África. Serão 26 jogos, entre 14 de junho e 7 de julho. Torcedores de 112 países compraram ingresso. Inclusive japoneses e catares – Japão e Catar enfrentam Uruguai e Argentina, na Arena, dias 20 e 23 de junho, respectivamente. Será uma evento esportivo sem gastança pública, pois utilizará a estrutura herdada da Copa do Mundo de 2014. Eduardo Gabardo e eu entrevistamos Jannuzzi, que esteve em Porto Alegre.
Como estão Porto Alegre e a Arena para a Copa América?
Agora são só ajustes finos. O planejamento vem de um ano. É um estádio que não participou da Copa do Mundo. A equipe dirigente da Arena do Grêmio já esteve neste tipo de evento e queria muito participar. A parceria foi a melhor possível.
Qual a importância, para a organização do torneio, da experiência de receber uma Copa do Mundo, em 2014?
Um dos legados de 2014 é chave: estrutura e estádios modernos. Eu citaria outro: o conhecimento. Hoje, no COL, 100% dos funcionários trabalharam em Copa do Mundo, Jogos Pan-Americanos, Copa das Confederações ou Olimpíada, eventos que o Brasil sediou nos últimos 10 anos. Este know-how é tudo.
Como evitar a entrada de torcedores violentos estrangeiros, os chamados barra-bravas, sobretudo aqui no RS?
Há um padrão para todos os estádios, mas posso te garantir que estamos atentos às particularidades. Temos parceria com os órgãos de segurança pública nos Estados. Dentro das arenas, haverá segurança privada forte para receber a todos com tranquilidade e conforto.
As listas compartilhadas pelas polícias de cada país, com os nomes e fotos dos torcedores encrencados com a Justiça, para serem barrados nos estádios e até deportados, são uma arma decisiva?
Sem dúvida. Estamos atentos a tudo, como te falei.
Como está a venda de ingressos?
Até a última quinta-feira, dos 778 mil ingressos colocado à venda, mais de 500 mil haviam sido vendidos. É um bom volume. O quarto e último lote já está a disposição.
Onde comprar?
Pelo site copaamerica.com e nos centros de distribuição de cada sede, onde o torcedor pode retirar o ingresso online e também adquirir na hora.
O COL trabalha também com jogos de público pequeno?
Dentro de qualquer competição, é natural conteúdos mais e menos demandados. Nos grandes jogos sul-americanos, aqueles de rivalidades fortes, teremos casa cheia e atmosfera boa. Pode dar uma semifinal entre Uruguai e Argentina na Arena, por exemplo. Em outras situações, pode haver menos público, como em Copa do Mundo. É normal.
O que pesou mais na escolha da capital gaúcha? Trazer Uruguai e Argentina ajudou?
O COL é uma entidade independente e imparcial. Trabalha pela competição, e não por esta ou aquela seleção. Porto Alegre é uma cidade estratégica no continente pela posição geográfica, além da infraestrutura esportivo, que inclui o Beira-Rio. São virtudes suficientes.
O COL paga pelo aluguel dos estádios?
Sim. Pagamos um valor, mas não revelamos por questões de sigilo. E contratamos os mesmos serviços de operação das partidas, para haver fluidez. Será assim na Arena.
Quanto custou organizar a Copa América?
A vinda da competição para cá não exigiu investimento algum. Dinheiro público zero. Os investimentos saem da venda dos direitos de transmissão, da propriedade comercial da publicidade e da renda dos jogos.
Existe caderno de encargos, como na Fifa?
Sim, obviamente, mas a premissa é usar a estrutura existente. Onde foi necessário alguma estrutura temporária, como ampliação de centro de imprensa ou credenciamento, o COL bancou tudo.
Haverá venda de bebidas alcoolicas?
Vamos cumprir as leis estaduais em vigor.
A Copa América será um sucesso?
Estamos bem otimistas, ainda mais com tantos craques em campo, como Messi, Neymar, Suárez, Paolo Guerrero e tantos outros jogadores de altíssimo nível. Está tudo pronto. É só a bola rolar.