
O comportamento do zagueiro Pinola, quando o auxiliar Mathías Biscaya responde que Marcelo Gallardo talvez falasse com a família pelo rádio, é de total escárnio. Ele ri. O River Plate sabia que o seu técnico tentaria driblar a punição, por considerar injusto impedí-lo de trabalhar em razão de alguns minutos de atraso no intervalo do jogo em Buenos Aires.
Algo assim como um protesto. Suponho que o River, cujo corpo jurídico deve ser tão bom quanto o do Grêmio, tenha medido bem as consequências de tamanha transgressão. O River não assumiria um risco tão grande sem estar resguardado de que a perda de pontos não entraria em questão. É a lógica, em se tratando de um gigante do futebol sul-americano.
Em tese, é isso. Mas, na Conmebol, tudo é possível. Lá, o critério é o descritério, justamente para dar margem a ingerências políticas. Fosse tudo límpido e cristalino, sem margem interpretativa no regulamento, não haveria margem para manobras aqui e ali, conforme as conveniências de momento.
O Grêmio faz a sua parte ao discutir no tapetão/tribunal. É direito seu lutar pelo que julga devido. A infração de Marcelo Gallardo é clara. Estava sancionado. Não poderia trabalhar, e o fez acintosamente. Sobre casos assim, minha opinião é a mesma. Tapetão é sempre constrangedor.
Tomemos o exemplo do Caso Victor Ramos, tentado pelo Inter para ganhar pontos do Vitória e, assim, evitar o rebaixamento. Do ponto de vista das formalidades legais acerca de sua transferência, tinha razão. A CBF atropelou procedimentos. Mas alguém tem dúvidas de que, esportivamente, Victor Ramos nada teve a ver com a queda, produto único de erros do próprio Inter, com direito a investigação da gestão Vitorio Piffero no MP por desvio de dinheiro?
No conjunto da obra do confronto, o Grêmio jogou menos do que o River, que teve mais volume, posse de bola e finalizações. Vou além: não poderia ser diferente sem Luan e Everton. E sem Kannemann, na Arena. O time de Renato perdeu na bola. Assim como o Inter, em 2016, caiu na bola. Era só ter ganho um jogo contra adversários horrorosos que brigavam contra o Z-4.
Episódios com fatos diferentes, eu sei, mas que guardam semelhança no sentido de buscar, no tapetão/tribunal, o que não deu certo no campo. Se Everton tivesse liquidado a fatura quando estava 1 a 0 não haveria necessidade de brigar para transformar a punição a Gallardo, que obviamente e tem de ter o peso de uma tonelada, em reversão do resultado de campo.