Seria uma crueldade os 45 mil colorados que bateram o recorde de público do novo Beira-Rio terminarem um domingo de sol na frustração de um 0 a 0 contra o lanterna do campeonato, sem experimentar o gosto da liderança do Brasileirão. O golaço de falta de Camilo, aos 51 do segundo tempo, premiou o único time que tentou jogar.
O Inter teve 75% de posse de bola, 17 finalizações, o goleiro Richard operando milagres, um pênalti não-marcado e 15 a 3 em escanteios. Com números assim, qual o motivo para tanto sofrimento contra o condenado Paraná?
Tentar 42 cruzamentos é exagero. É incapacidade de penetrar uma retranca que baixou linhas e carregou no antijogo. O Inter não rodou a bola com a velocidade adequada para achar o espaço no balanço defensivo do adversário, o que facilitaria a vida de Nico López e Pottker no mano a mano.
A vitória veio no volume, na insistência, na força mental dos que não desistem. Mesmo sem brilho, jamais faltaram força coletiva e organização tática. As mexidas de Odair Hellmann no segundo tempo atenderam a uma mesma lógica: sair do excesso de chuveirinhos.
Com Rossi e sem Fabiano, Edenilson virou lateral e procurou a tabela. Nico veio para dentro, mais perto da área. A saída de Jonatan Álvez em nome de Camilo acrescentou um criador no meio, passando Nico para a função de falso nove.
O gol é emblemático porque nasce de uma falta decorrente da insistência por baixo, justamente no momento em que a afobação manda atirar a bola na zona do agrião. Por ser no finzinho, pareceu sorte, mas aconteceu o mesmo contra Corinthians e Vitória: mexidas para atacar, e não proteger resultado.