A hipótese de estrear, em Gre-Nal, um jogador que não disputa partida oficial há seis meses, ainda por cima fora de sua posição habitual, expõe as limitações de elenco do Inter.
Em condições normais de temperatura e pressão, este cenário seria eliminatório na hora de escalar ou não Zeca. Ele mesmo já disse que, das três posições em que já atuou, nas laterais e como volante/meia, é nesta última onde se sente menos confortável.
Mas a vida no Beira-Rio não é normal faz tempo. Nessas horas, um bom exercício é tentar se colocar na pele do treinador.
O trio Zeca, Rodrigo Dourado e Patrick manteria a ideia de marcar Maicon, Arthur e Luan. Ninguém conseguiu até agora. Mas é óbvio que, sem impedi-los de criar, nenhum time sobrevive contra o Grêmio.
No Maracanã, Odair tentou a fórmula sobre Lucas Paquetá, Everton Ribeiro e Geuvânio. Defensivamente, deu certo.
Os gols da vitória do Flamengo são de fora da área, sem penetração. O problema que decretou a derrota colorada no Rio foi a outra parte do pacote: e na hora de jogar? Aí, talvez um Zeca desembocado acerte mais passes do que um entrosado Gabriel Dias. Parece-me que Odair sabe o problema a resolver no Inter, pela leitura que explicaria a emergência de Zeca no meio, mas não tem peças para transformar isso em prática.
Sem qualidade na posse de bola, não adianta ter jogadores de velocidade para o contra-ataque. Algo que, aliás, o Inter não teve no Maracanã.
E, mesmo se tivesse jogadores para tanto, a chance de eles serem acionados seria pequena. Dourado e Gabriel Dias pecaram na transição, deixando tudo com D'Alessandro. Este, bem marcado, não teve como ser o garçom de hábito. Não se aceita mais jogadores de meio-campo com dificuldade neste fundamento essencial do futebol: o passe.