Volta e meia surge a indagação. Se o Brasil continua sendo um fornecedor de matéria prima para a Europa no futebol, porque os valores oferecidos pelos clubes de lá são menores em relação aos argentinos, por exemplo? Há casos de jogadores de nível médio que saem por mais do que promessas brasileiras. E não é só argentino, não. Vale para a maioria das nacionalidades.
Assim como os valores de alguns brasileiros triplicam quando a negociação é feita já na Europa. É quase como um estágio para tirar o medo do prejuízo de gastar e dar com os burros n'água com jogador problema. Se vai para um time melhor lá, é porque soube se comportar.
Não raro, meses depois de deixar o Brasil, o valor já vai lá em cima. A explicação, ou um delas, está no Caso Walace. Ele acaba de se recusar a jogar como zagueiro, a pedido do técnico do Hamburgo, que luta desesperadamente contra o rebaixamento na Bundesliga. Walace é volante, alto, mas não quis colaborar em uma posição nem tão distante assim da que exerce.
Mauro Galvão, um dos maiores zagueiros já produzidos no Brasil, era volante de origem, só para ficar em um exemplo. O clube alemão afastou Walace do elenco, em comunicado oficial. Passa a ideia de ser uma barra forçada. Como ele quer voltar ao Brasil (Flamengo tem interesse), criou uma situação de conflito para facilitar a liberação por parte do Hamburgo. O histórico recente não ajuda. Ele pediu para sair do Grêmio com ênfase. Queria jogar na Europa. Sozinho, esse episódio até poderia ter explicação. Todo jovem quer ir para a Europa. Mas agora surge esse fato novo, com novo conflito.
É por isso que o valor de mercado para jogadores brasileiros que deixam o país pela primeira vez é tão menor em relação a outras nacionalidades. O histórico não ajuda. Um não aceita a reserva, outro se recusar a jogar fora de posição, um terceiro não entende ser titular em uma rodada e reserva na outra, devido a maneira como o adversário atua e assim por diante.
Se tudo não sai exatamente como se imagina, começa a fazer beicinho e pedir para voltar, alegando que "falta ambiente". Gabigol foi para a Inter, de Milão, por quase R$ 100 milhões, mas já está de volta para o Santos. Os italianos lamentam até hoje o prejuízo. Walace é ótimo jogador. Campeão olímpico, inclusive. Mas se quiser fazer carreira sólida, terá de evitar que essa fama de jogador problema cole nele. E que só contribui para a má fama dos brasileiros no Exterior.