Foi uma ironia do destino que o seu primeiro rebaixamento para a segundona em mais de um século de vida tenha se desenhado numa segunda-feira. A derrota para o Corinthians, no Itaquerão, veio com um pênalti fantasma, inexistente, de Ernando em Romero. O zagueiro pula com os braços encolhidos. Não houve nada. Mas o Inter, em campo, pareceu constrangido até de reclamar, já que vinha de um primeiro tempo com zero finalizações e quase nada de posse de bola.
Antes do gol de Marlone, a atuação era ruim. Depois, a apatia paralisou a estreia de Lisca. O que o quarto técnico no campeonato poderia fazer em alguns dias? Lisca tentou. Vitinho à frente. Sasha e Aylon pelos lados. Depois perdeu Vitinho e trouxe Seijas, por dentro. E Nico. E Valdívia. Não funcionou. Nada funcionaria: o Inter está destreinado há meses.
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Não fosse Danilo operar milagres, e tantos outros ao longo do ano, o fim já seria matemático. Chorar pela arbitragem é lamentável, para não dizer patético. O erro que prejudicou no Itaquerão ajudou outras vezes. A revolta seletiva de Vitorio Piffero com a arbitragem explica um tanto da situação colorada. O presidente acha que a culpa está do lado de fora. Não reconheceu um erro seu sequer. A queda não se dará por ontem, mas pelo conjunto da obra.
Seis meses sem vencer fora de casa.
Um ponto em seis com o Santa Cruz.
Cerca de 30% de aproveitamento contra o Z-4.
Anderson escalado mil vezes impunemente, mesmo após dar um soco na cara de um companheiro, à luz do dia.
Contratações inexplicáveis.
Aposta em salvação pelas mãos de um técnico que danou o clube no Mazembe, maltratando a torcida apesar de todos os avisos de que seu currículo recente era ruim nestas tarefas.
Exatos 14 jogos sem vitória.
E, por fim, a arrogância consolidada no slogan “clube grande não cai”, grosseria aos torcedores de vários times de primeira linha que foram rebaixados no Brasil. Vitorio Piffero disse que Mano Menezes, um técnico de Seleção, não servia para o Inter, lá atrás. Pode ser rebaixado por ele e seu Cruzeiro, domingo, desde que não vença.
A bola pune, como ensina Muricy Ramalho, um exemplo de humildade. E sem contar que o slogan é uma inverdade. Clube grande cai, sim. Tanto que o Inter está caindo, única e exclusivamente pelos seus próprios erros.