Outro dia eu disse para o Potter que a canção mais bonita do mundo era The Long and Winding Road, dos Beatles. E não só disse como mandei para ele o vídeo da música no Youtube. Esse aqui: https://youtu.be/fR4HjTH_fTM
Ele rebateu com My Way, cantada por Frank Sinatra neste outro vídeo:
Ouvi com atenção o clássico dos Velhos Olhos Azuis e, olha, tenho de admitir que pode ocupar o posto de Melhor Canção do Mundo.
Será que alguma brasileira poderia disputar o título?
A música brasileira é uma das melhores do mundo, mas tem alguma grandiosa o suficiente para enfrentar essas duas?
Disparada, do Geraldo Vandré, quando interpretada por Jair Rodrigues, me dá essa sensação de que ali existe algo poderoso. Outra candidata é Casa no Campo, interpretada por Elis Regina ou Travessia, do Milton Nascimento, mas ainda não é o suficiente.
Por que será que, mesmo tendo músicos geniais, não conseguimos atingir essa dimensão?
Claro, você dirá que isso é questão de gosto, e eu vou concordar. É difícil estabelecer o que é arte boa ou ruim, talvez seja mesmo impossível. Você tem a tendência de condenar gêneros inteiros. Por exemplo: não gosto de música sertaneja, mas reconheço que Evidências, Nuvem de Lágrimas e Desculpe mas eu vou chorar são ótimas. Quer dizer: o problema não é o gênero, e sim a autoria.
Além disso, tenho de admitir que não conheço bem esse estilo de música. Alguns cantores, só vou me dar conta da existência deles quando eles morrem, e isso acontece amiúde, porque eles estão sempre viajando nessas estradas perigosas ou em aviões pequenos.
Então, tudo em arte é relativo, certo, só que eu tenho a minha opinião e a minha opinião é de que, por melhor que sejamos em algo, como música, literatura e artes plásticas, nunca somos o número 1. Somos imbatíveis, de fato, no futebol.
Sabe por quê?
Porque o futebol brasileiro dá oportunidades a quem é bom. O menino que sabe jogar bola é mimado e moldado pelos clubes. Nos Estados Unidos é assim em quase tudo. Eles veem um guri com talento para música ou esportes ou ciência ou seja o que for, e lhe dão atenção especial. Ele terá professores e orientação até se destacar.
Funciona.
No Brasil, não. No Brasil é cada um por si.
Talvez formássemos Beatles à mancheia, se fosse diferente. Talvez ganhássemos Prêmios Nobel a cada ano com nossos Einsteins, nossos Freuds, nossos Dostoievskis. Em vez disso, temos de nos contentar com grandes atacantes de lado. Quanto desperdício.