David Coimbra

David Coimbra

Colunista de ZH e GZH e comentarista da Rádio Gaúcha, teve 18 livros publicados. Prêmios: 10 ARI, Esso de Reportagem, Direitos Humanos, Habitasul de Literatura, Erico Verissimo de Literatura, Açorianos de Literatura, entre outros. David faleceu em 27 de maio de 2022 após 10 anos de luta contra o câncer. Suas crônicas seguirão disponíveis em GZH.

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A lógica diz que o Grêmio sobreviverá

As chances de sobrevivência, eu diria, não são apenas de 2,5%. São bem maiores, talvez uns 50%. É um bom percentual. Desde que o Grêmio esteja dentro dos 50% certos

David Coimbra

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Quando me mudei para os Estados Unidos, a fim de participar do estudo de uma nova droga contra o câncer, sentia-me no fim das forças. Várias partes do corpo me doíam e eu não conseguia nem caminhar direito. No hospital Dana-Farber, em Boston, sentei-me diante do médico que coordenava a pesquisa, o alemão Patrick Ott, e ele me disse, sem rodeios: 

— Pelo que apuramos até agora, esse remédio tem 28% de chances de funcionar. 

Ou seja: eu tinha 28% de chances de sobreviver. Saí dali raciocinando da seguinte forma: 28% parecem pouco, se você pensar nos outros 72%. Só que, se eu estiver dentro dos 28%, não são 28%: são 100%. 

Talvez você considere o meu raciocínio tortuoso. Pode ser, mas é verdadeiro. Afinal, alguém fica dentro dos 28%. Por que não eu? 

Pois fiquei. A resposta do meu organismo à droga foi excelente e, agora, cá estou, bebendo meus chopes cremosos. 

As estatísticas são assim, servem para fazer estimativas e especulações, mas não são a realidade. Se eu e você temos um frango, cada um de nós tem 50% do frango. Logo, nenhum de nós sentirá fome. No entanto, se eu comer o frango sozinho, você não comeu frango algum, coitado. E ficou com fome. 

Digo isso em relação aos cálculos das possibilidades de o Grêmio se salvar do rebaixamento nessa quinta-feira. Noventa e sete vírgula cinco por cento de chances de cair, foi o que li. Na prática, rebaixado. 

Será? 

O que a realidade mostra? 

Do que o Grêmio precisa? 

Bem, em primeiríssimo lugar, precisa vencer o Atlético Mineiro na Arena. O Atlético vem com o time reserva e o Grêmio está muito mais interessado no jogo. Logo, a lógica diz que o Grêmio vencerá a partida. 

Se o Grêmio de fato vencer, ainda necessitará de dois resultados combinados: a vitória do Corinthians sobre o Juventude, em Caxias, e a do Fortaleza sobre o Bahia, no Ceará. 

O Fortaleza é o favorito para vencer. Estará no Castelão, diante da sua torcida entusiasmadíssima com a campanha histórica do time no campeonato. 

O mais difícil é o jogo do Juventude. Há quem diga que o Corinthians buscaria um empate exatamente para rebaixar o Grêmio. Não creio nisso. O Corinthians já fez seu papel ao empatar com o Grêmio em São Paulo. Nesta quinta, pensará em si mesmo, o que, aliás, é bastante saudável. 

Quer dizer: o Corinthians pode, sim, bater o Juventude. Seria, inclusive, o resultado mais óbvio. 

Portanto, a lógica do futebol está ao lado do Grêmio, não contra. As chances de sobrevivência, eu diria, não são apenas de 2,5%. São bem maiores, talvez uns 50%. É um bom percentual. Desde que o Grêmio esteja dentro dos 50% certos. 

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