A dor é um aviso. Ela grita que há algo errado com o seu corpo. Então, você ouve o alerta, investiga o problema e tenta resolvê-lo. Essa é a atitude certa a tomar. A errada é não ligar para o aviso ou tentar apenas corrigir o sintoma, sem corrigir a causa.
Se a ameaça é externa, o aviso não vem com a dor; vem com uma série de percepções, sinais que a sua inteligência e a sua sensibilidade enviam para o seu consciente: “Cuidado! Perigo adiante!”
Júlio César, por exemplo, foi assassinado pelos senadores de Roma nos Idos de Março de 44 a.C. Ou seja: em 15 de março. No dia 14, ele fez um jantar em sua casa e propôs a seguinte questão para os convidados: “Qual é a melhor morte” Cada um respondeu como gostaria de morrer. César disse:
— A melhor é a repentina!
Na manhã seguinte, a mulher de César, Calpúrnia, pediu-lhe que não saísse de casa naquele dia, porque na madrugada ela tivera um pesadelo muito assustador com ele. César saiu mesmo assim para ir ao Senado, onde encontraria seus verdugos.
No caminho, entregaram-lhe um bilhete advertindo-o sobre a conspiração dos senadores – ele guardou o papel num bolso da toga para lê-lo mais tarde.
Pouco depois, César caiu aos pés da estátua de Pompeu, vitimado por 23 punhaladas, uma delas de seu próprio filho adotivo, Bruto.
Por que César recebeu tantos avisos? Por que os deuses queriam salvá-lo? Não: porque a rebelião dos senadores era bastante óbvia. Quando ele fez a pergunta acerca da melhor forma de morrer, seu subconsciente já devia estar em estado de alerta devido aos sinais que vinham sendo emitidos por todos os lados.
O pesadelo de Calpúrnia teve a mesma causa – ela também estava percebendo a animosidade do Senado. Assim ocorreu com o autor do bilhete que revelava o complô. Quer dizer: era público, em Roma, que o Senado estava insatisfeito com Júlio César e que iria agir.
Os sinais estavam todos lá, mas Júlio César os desprezou. Excesso de confiança, talvez. Os grandes homens têm disso – sua fé na própria sorte é tão sólida que eles se tornam temerários. Mas, como diria a Bíblia, “a soberba precede a ruína e a altivez do espírito precede a queda”.
Fosse mais humilde e mais cuidadoso, Júlio César teria sobrevivido àquela rebelião do Senado.
Por que conto essas histórias antigas?
Por causa do Grêmio.
Os avisos são muitos, os sinais estão todos aí, mas ninguém toma as precauções que devia tomar. É preciso agir. Porque a dor da Segunda Divisão até passa, mas a cicatriz fica para sempre.