“Por que tu achas que o Grêmio vai vencer, se dizias que o Inter está mais bem preparado?”
Expliquei que continuava considerando o Inter mais bem preparado e mais bem treinado, mas calculava que Éverton, o Cebolinha, faria diferença, sobretudo porque era a sua despedida de Porto Alegre. Foi o que aconteceu: o Grêmio venceu por 2 a 0 e o Cebolinha teve participação nos dois gols, além de ser o protagonista das jogadas mais perigosas da partida.
Não estou dizendo, com isso, que sou vidente ou que seja um gênio do futebol ou coisa que o valha. Apenas somo os indícios que uma longa experiência de trabalho com o esporte profissional apontam. Mesmo assim, muitas vezes erro, nem tanto por ter me atrapalhado na soma dos tais indícios, mas porque o futebol é dinâmico, depende de vontades, de súbitas inspirações e, não raro, do acaso. Depende, enfim, de pessoas, e as pessoas não são cristalinas.
O erro pode ocorrer em qualquer jogo, muito mais em um clássico imponderável, como o Gre-Nal. Mas continuarei somando os indícios e me arriscando a fazer antecipações temerárias.
No clássico de quarta-feira que vem entrarão no estádio vazio dois times em situações opostas. O Grêmio, que no último Gre-Nal tinha Kannemann, Geromel, Maicon, Jean Pyerre e Éverton, não terá nenhum desses. Se tiver algum, será voltando capenga de alguma lesão. E eles são jogadores superiores, de nível de Seleção. Fazem muita falta. Na zaga, nem os reservas de Kannemann e Geromel o Grêmio terá. Para arrematar o quadro tenebroso, o time está desarticulado física, técnica e taticamente. É uma crise completa.
Do outro lado, o Inter vem montado na liderança do Campeonato Brasileiro. Sua equipe está ajustada, os jogadores sabem o que fazer em campo e a direção descobriu não um, mas dois atacantes goleadores, Galhardo e Abel Hernandéz. É um time que marca em cima, que sufoca o adversário e que faz gols roubando a bola na intermediária de ataque. Não bastasse esse conjunto de condições técnicas melhores, o Inter deverá jogar de dentes rilhados, porque a invencibilidade do Grêmio em clássicos incomoda a todos no Beira-Rio.
São indícios fortes e até óbvios do favoritismo do Inter. Pode ocorrer o contrário? Pode o Grêmio se superar e vencer? Pode, é claro. O futebol é feito por pessoas. E as pessoas não são cristalinas.