Li que Jean Pyerre apagou todas as suas fotos com a camisa do Grêmio no Instagram e, depois, fechou sua conta na rede. O que significa isso? Terá ele se chateado porque foi criticado pela atuação pouco participativa de domingo passado? Provavelmente.
Talvez Jean Pyerre seja um espírito delicado, talvez ele precise compreender que o mundo está sempre exigindo algo de nós. Não adianta, Jean Pyerre, por mais que a gente faça, por mais capacidade ou talento que demonstremos, teremos sempre de provar aos outros que podemos, que temos força, que estamos vivos.
O mundo, Jean Pyerre, funciona como uma partida de futebol. Um jogador como você, que toca na bola como se Van Gogh desse uma pincelada laranja na tela branca, como se Michelângelo batesse com o cinzel no joelho do Moisés e gritasse “parla!”, como se o surdo Beethoven puxasse uma nota doce da Sonata ao Luar, um jogador como você, que tem a arte dentro da chuteira, Jean Pyerre, haverá de compreender que nem isso basta, porque até de Beethoven reclamavam do mau humor, de Michelângelo criticavam a feiura e Van Gogh, coitado, vendeu um único quadro em toda a vida.
O mundo está sempre nos cobrando, Jean Pyerre. É como se gritassem sem parar para nós: Atenção! Esforço! Marcação!
Mas, para você, será fácil, Jean Pyerre. Porque o mais raro você já tem: tem o dom. Falta só o que qualquer um pode dar. Falta só a doação.