“Aí tem”, foi a mensagem que recebi do Duda Garbi, nesta quarta-feira, em meio a uma entrevista no Timeline, da Gaúcha.
Foi como se estivéssemos em sintonia, porque era precisamente o que eu pensava, precisamente essa expressão popular: “Aí tem”.
Quando você diz, como disse o Duda, ou pensa, como pensei eu, que “aí tem”, um mundo de possibilidades se abre diante de seus olhos. Porque você está exercitando a mais sagaz das faculdades humanas: a dúvida. É importante, porque só a dúvida nos conduz ao conhecimento. O desenvolvimento é subproduto da dúvida.
No caso, tratávamos de um assunto do qual, confesso, sei bem pouco: agrotóxicos. O governo mudou a forma de classificá-los. Agora, há novas categorias e alguns produtos que antes levavam o selo de “perigo” passam a levar o de “risco”. Obviamente, uma suavização.
Começamos entrevistando a Bela Gil, que, além de filha do Gilberto Gil, é nutricionista. Ou seja: atenta à qualidade do que se come.
A Bela Gil, talvez você não lembre, ficou famosa por comer a placenta que envolvia seu próprio nenê, como fazem as gatas. Mais do que isso: ela colheu um pouco da placenta, bateu no liquidificador com frutas e deu para o marido beber.
O marido bebeu.
Mas não abordamos, nesta quarta-feira, nenhuma dessas peculiaridades gastronômicas. Abordamos a novidade de apresentação dos agrotóxicos. Bela Gil criticou a mudança em particular e o uso de agrotóxicos em geral. Mas não ofereceu alternativas razoáveis. A entrevista dela foi lenta, seus argumentos foram vagos, beirando a utopia. Não me convenceu.
Então, fomos ver o outro lado. Ligamos para Alceu Moreira, deputado ruralista que defende a medida. Eu não tinha opinião formada a respeito do assunto, exatamente por não dispor de muita informação. Mas tinha uma questão não resolvida na cabeça, algo bastante simples, que pode intrigar qualquer consumidor, qualquer contribuinte, qualquer brasileiro que vai ao supermercado: qual a razão da mudança?
Foi o que tentei perguntar ao deputado e ele, de repente, se ouriçou. Ficou brabo. Começou a discutir. Até aquele momento, eu estava quase que em estado de inércia, levando o tema adiante apenas por ser a pauta do programa. Porque, como já disse, o assunto é complexo, não há consenso nem entre os técnicos que estudam o tema a fundo. Mas a reação do deputado fez com que me retesasse na cadeira. Pensei: “Aí tem!”. E, no mesmo instante, chegou a mensagem do Duda: “Aí tem!”.
O deputado continuou esbravejando por algum tempo, depois se acalmou. Mas não adiantava mais. Estava instalada no meu espírito não uma única dúvida, “a razão da mudança”, mas outras três, que deixo com você:
Se é só uma mudança de rótulo, só uma questão burocrática, por que tanto empenho dos governistas em sua defesa?
1. Se é só uma mudança de rótulo, só uma questão burocrática, por que tanto empenho dos governistas em sua defesa?
2. Com a alteração, que agrotóxicos passarão a ser mais vendidos?
E a mais importante:
3. Quem ganha com isso?
Precisamos encontrar respostas a essas perguntas. Porque está dando a impressão de que aí tem.
Ainda teremos cinco Gre-Nais em 2019
Farei agora uma previsão ao estilo do Pai Denardin: 2019 será o maior ano da história da dupla Gre-Nal.
Porque ainda teremos cinco Gre-Nais. Os dois, Grêmio e Inter, se enfrentarão na Copa do Brasil e na Libertadores, além do Brasileiro.
Farão a final da Copa do Brasil e a semifinal da Libertadores. Porto Alegre será notícia mundial. O Brasil vai prender a respiração para olhar para nós. E nós precisaremos de nervos de aço para ver 2020 chegar.